Tânia de Lima Gomes Coelho
Categoria: Psicologia Clínica
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O transtorno
psicossomático é uma síndrome crônica caracterizada por múltiplas queixas
somáticas (orgânicas) aparentemente inexplicadas. É diagnosticada com maior
frequência em mulheres, mas tem crescido seu diagnóstico em homens.
Os sintomas da
somatização podem aparecer com quadros dolorosos incaracterísticos, queixas
cardíacas, circulatórias, distúrbios digestivos e respiratórios que não se
confirmam por exames especializados, refletem alterações em qualquer sistema
funcional, mas que raramente se confirmam por exames clínicos e laboratoriais
(Ballone, 2011). E, por não serem medidos pelos meios convencionais de exames,podem tornar-se potencializados pela solidão e o constrangimento de, às
vezes, ser até desacreditados por aqueles que convivem com o doente, pois ainda temos a
cultura de que “o que não é visto ou medido, possui pouco valor”.
A cronicidade
emocional pode desenvolver um quadro clínico mórbido no qual o doente,
familiares e cuidadores presenciam a deterioração da qualidade de vida e da
rede social na qual a pessoa está inserida, provocando um profundo impacto em
suas vidas.
Entretanto, Rogers
nos ensina que os indivíduos têm a capacidade de experenciar e de se tornarem
conscientes de seus desajustamentos. Que aprendizagens e experiências podem ser
cuidadosamente assimiladas e reajustadas, e que as tendências em direção à
saúde podem ser facilitadas por uma relação interpessoal na qual um dos membros
esteja livre o bastante da incongruência (Rogers, 2009).
Tais descobertas nos
revela que possuímos, de um modo geral, a capacidade de restaura-nos
internamente das inúmeras e inegáveis feridas a que somos expostos.
Para Ballone (2011),
como a manifestação emocional somatizada não respeita a posição
sóciocultural do paciente, não guarda também relação com o nível
intelectual, pois, como se sabe, a emoção é senhora e não serva da razão, o único fator capaz de atenuar as queixas é a capacidade
da pessoa de expressar melhor seus sentimentos verbalmente, pois quanto maior a
capacidade do indivíduo de referir seu mal-estar emocional através do discurso
sobre o que sente, relatando sua angústia, sua frustração, depressão, falta de
perspectiva, insegurança, negativismo, pessimismo, carência de carinho e coisas
assim, menor será a chance de representar tudo isso através de palpitações,
pontadas, dores, falta de ar, etc.
Coelho (2012), afirma
que, às vezes, sermos simplesmente ouvidos por outro ser humano que suporta o
nosso sofrimento traz um alívio terapêutico, pois a presença de outra pessoa
acolhendo o sofrimento traduz no inconsciente do sofredor uma sensação de que
se o outro suporta ouvir o seu drama, então, ele mesmo deve ter em algum lugar
dentro de si a capacidade de sobreviver a tudo isso.
Assim, a cura pela
escuta e o silencio acompanhado da presença acolhedora do outro, são formas
mais simples e poderosas de amenizar o sofrimento.
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