INTRODUÇÃO A história da visita do profeta Elias à terra de
Sarepta, onde foi acolhido por uma viúva pobre, é exemplar por duas
razões. Primeiro a história revela o cuidado de Deus para com os seus servos que
se dispõem a fazer sua vontade. Não importa onde estejam, Deus cuida deles (Gn
39.1,2;I Rs17.1,2). Em segundo lugar, o episódio revela a soberania de Deus
sobre as nações, e que, mesmo em se tratando de um povo pagão, Deus escolhe
dentre uma de suas moradas aquela que será o instrumento usado por Ele na
construção de seu projeto (Tg 2.25; Hb 11.31).
I – INFORMAÇÕES
SOBRE O RIBEIRO DE QUERITE E A CIDADE DE SAREPTA
a) Ribeiro de
Querite – Um ribeiro existente no território da atual Transjordânia, onde o
profeta Elias escondeu-se, após fugir da rainha Jezabel (I Rs 17.3,5). Um local
proposto é o Wadi Kelt (palavra árabe que indica uma corrente de água que só
é ativada em tempos chuvosos e quando a neve se derrete), um riacho de
águas revoltas que desagua no vale do Jordão. Quando chegava a estação seca, o
Wadi se secava. O fim daquele suprimento exigia uma mudança. Às vezes é o
que se sucede em nossa vida, mudança (I Rs 17. 7 - 9).
b) Sarepta – Lugar que
fazia parte das terras do pai de Jezabel esposa do rei Acabe (I Rs 16.31). Em
algumas traduções, esse nome também aparece grifado como Zarepta. O profeta
Elias residiu nesta cidade durante a última grande seca (I Rs 17.1,7). Esse
lugar é comumente identificado como a aldeia moderna de Sarafand, cerca de 14,5
quilômetros ao sul de Sidom, na costa do mar Mediterrâneo. Cidade
originalmente Fenícia, a principio pertencia a Sidom; mas, após 722 a.C.,
passou para território de Tiro, quando as duas cidades entraram em conflito, e
esta ultima se saiu vitoriosa. Isso pôs Elias em território estrangeiro, onde
ele estaria em segurança dos
planos de Acabe e da sua horrenda esposa, Jezabel (I Rs 17. 10).
II – A VIÚVA DE
SAREPTA RECONHECE O PROFETA ELIAS COMO SERVO DE DEUS
Quando a viúva conheceu o profeta Elias, pensou consigo que iria preparar a sua
última refeição (I Rs 17.12). Mas, um simples ato de fé produziu o milagre (I
Rs 17.14,15). Ela confiou na mensagem do profeta e deu-lhe umbolo pequeno(I
Rs 17.13) do que restava da farinha e do azeite que tinha para sua última
refeição. A fé é o passo entre a promessa e a certeza do seu cumprimento (Hb
11.1;11,33; 10.38; Rm 4.16; Hc 2.4). Os milagres podem parecer fora do alcance
de nossa fé, mas todo prodígio, grande ou pequeno, começa com um ato de
obediência (Gn 26.5; Dt 28.13; I Sm 15.22; Jr 42.6). Não enxergamos a solução
da situação em que nos encontramos, até darmos o primeiro passo de fé (Mt 8.10;
15.28; 21.21; Mc 2.5; 4.40; 5.34; At 14.9).
2.1 As
circunstância da viúva - Morava em Sarepta, lugar entre Sidom e
Tiro, onde quase um milênio depois, o Senhor Jesus Cristo exerceu uma missão de
compaixão para com uma mulher que não era da descendência de Israel (Mc
7.24-31; Mt 15.21-28). Eis as circunstâncias:
·
Tinha um filho (I Rs 17.13);
·
Era muito pobre e desanimada (I Rs 17.12);
·
Não conhecia o Deus de Israel (I Rs 17.12);
·
Sofria os danos causado pela seca (I Rs 17.7).
2.2 A viúva e
o seu encontro com o profeta Elias – O profeta Elias parece ter
sido bastante egoísta e sem coração com a viúva, pedindo que lhe
trouxesse água e pão , fazendo primeiro para ele (I Rs 17.10,11).
Contudo, devemos olhar para o plano do Senhor Deus na vida daquela viúva e do
seu filho; havia um grande milagre da parte do Senhor para acontecer, isto é, o
milagre da abundância dafarinha e do azeite no
tempo da crise (I Rs 17.16).
2.3 Mesmo sem
entender, a viúva atende a voz do homem de Deus. Vejamos:
a) ...Traze-me,
peço-te, numa vasilha um pouco de água que beba (I
Rs 17.10) - Não é de surpreender que a água é algo de grande importância
a necessidade da existência humana (I Sm 25.11; I Rs 18.4). O desejo de uma
vida espiritual plena, são descritos como alguém que tem sede de água (Am 8.11;
Mt 5.6; Sl 63.1; 143.6). Da mesma forma como o nosso corpo físico precisa da
água para sobreviver (Jo 4.13), a nossa alma também precisa da água celestial
para continuar com vida (Jo 4.14; 7.38).
b) ...Traze-me,
agora, também um bocado de pão na tua mão (I
Rs 17.11) - No hebraico, Lechem palavra usada por
mais de duzentas e trintas vezes no Antigo Testamento, que significa pão
comum, e em termos gerais, “ alimento” ou “sustento”(Gn 3.19; Ml 1.7; Dt 8.3;
Is 3.1; Jr 37.21). O melhor pão era feito de farinha de trigo ( Jz 6.19;
II Sm 1.24; I Rs 4.22), com a massa bem amassada (Gn 18.6; Lv 2.1). Já o pão
mais popular era feito de cevada ( Jz 7.13; Jo 6.9-13). Não esqueçamos que o
pão que o profeta Elias pediu a viúva, é o pão que perece, que sacia apenas o
corpo humano (Mt 14.15-21; 15.32-38) e não a alma. Porém, o Senhor Jesus se
mostra como o pão dá vida (Jo 6.35). Lembremo-nos que a Palavra de Deus é o
alimento genuíno para um crescimento sadio da nossa alma perante o Senhor nosso
Deus (Sl 19.14; 33.4,6; 119.11).
2.4 Recompensa
por atender a voz do homem de Deus
a) A viúva
fez conforme a palavra do profeta Elias – A mulher acreditou na
afirmação do homem de Deus. Em primeiro lugar, ela o serviu, e por conseqüência
o milagre aconteceu. Ela, seu filho e Elias tiveram abundância de alimentos. É
maravilhoso vermos o milagre acontecer, como resultado de um grande ato de
obediência e fé (I Rs 17.15).
b) Da
panela a farinha não se acabou, e da botija o azeite não faltou – O
suprimento de farinha e o azeite se multiplicava milagrosamente, por causa da
intervenção divina, na vida daquela viúva (I Rs 17.16).
III – A MULHER RECONHECE
O DEUS DE ELIAS COMO O VERDADEIRO DEUS
A provisão do Senhor nunca é dada com o proposito de nos fazer ficar inerte (Fl
4.19; 4.12; Sl 40.17; 107.41) mas, para que possamos aprender as lições,
de não colocarmos limitações à capacidade de Deus prover o que precisamos ter
(Pv 8.11; 15.2; 16.16; 24.3; 31.26), sobretudo nas adversidades. Precisamos
aprender a depender do Senhor Deus ao enfrentarmos cada dificuldade. Felizes
são aqueles que podem assim acreditar e a obedecer na esperança, contra a
esperança, ou seja, confiarmos em Deus apesar das cirunstâncias (Rm 4.18; Sl
65.5; 78.7; 146. 5).
IV – O SENHOR JESUS
UTILIZA A HISTÓRIA DA VIÚVA DE SAREPTA
O Senhor Jesus fez referência ao profeta Elias, à grande fome e a viúva de Sarepta
de Sidom (Lc 4.25,26). O texto deixa claro que a viúva de Sarepta fica em
evidência nas palavras do Senhor Jesus. O que faz a história dessa mulher ser
diferente das demais viúvas de sua época? Por que ela foi abençoada e as outras
não? Por que ela recebeu uma menção tão honrosa por parte do próprio Cristo?
Sabemos que no texto o Senhor Jesus estava se referindo a falta de
credibilidade do profeta em sua própria pátria, conforme (Lc 4.24). Contudo,
queremos ainda extrair três lições das atitudes da viúva:
4.1 Deus
prepara o ambiente para sermos recebidos. O Senhor Deus preparou o
coração da viúva para recepcionar e atender as necessidades do profeta (I Rs
17.15).
4.2 Arecompensa
é assegurada pela obediência. Deus trouxe provisão àquela mulher
por sua submissão aos interesses divinos através do ministério do profeta
Elias, não permitindo que o seu suprimento lhe faltasse, antes ocorresse um
transbordamento da provisão em seu lar (I Rs 17.16).
4.3O milagre
acontece quando Deus é colocado em primeiro lugar. O profeta
entrega ou à viúva de Sarepta a chave do milagre quando lhe disse:
“primeiro faze dele para mim um bolo pequeno e traze-mo aqui fora; depois,
farás para ti mesma e para teu filho” (I Rs
17.13). O profeta era um agente de Deus e atendê-lo primeiro significava pôr
Deus em primeiro lugar.
V – DEUS É O
PROVEDOR DO PROFETA ELIAS, DA VIÚVA DE SAREPTA E DA SUA IGREJA
A soberania de Deus sobre a historia e sobre os povos e o seu cuidado para com
aquele que lhe obedece (Gn 26.5; Dt 28.13,14; I Sm15.22; Jr 42.6; Lc 8.25; Hb
5.9; Hb 11.8) se revelam de uma forma maravilhosa no episódio envolvendo o
profeta Elias e a sua visita a Sarepta. Não há limites quando a soberania
divina quer revelar a sua graça (Sl 45.2; 84.11; 90.17; Is 12.1) e tampouco não
há circunstância demasiadamente difícil que possa impedir o Senhor de revelar o
seu poder provedor. Deus é Deus dentro e fora dos limites que os homens
costumam conhecer ou estabelecer (Ef 3.20; Sl 139.17).
CONCLUSÃO
Em uma nação onde era exigido por lei cuidar de seus profetas, é irônico que
Deus tenha recorrido aos corvos (I Rs 17.4) e a uma
viúva (I Rs 17. 8,9) para cuidar do profeta Elias (I Rs 17.15,16). O Senhor
traz o auxilio de onde menos esperamos. Ele provê o que necessitamos (Sl 40.17;
107.41; Pv 14.31; 31.20; Is 14.30) de uma forma que ultrapassa nossas restritas
definições ou expectativas. Não importa quão amargas sejam as nossas
tribulações, ou quão sem esperança a nossa situação possa parecer; devemos
buscar o cuidado de Deus. Podemos encontrar Sua providência, o Seu socorro, o
Seu milagre em lugares ou situações que nos pareçam estranhos (Êx
17.5-7; Nm 20.7-11).
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