Se você já teve um ataque de pânico ou se sofre recorrentemente de ataques de pânico, certamente qualifica as sensações sentidas de terríveis. Provavelmente o seu primeiro ataque de pânico veio do nada, de repente você sentiu tremores, medo, falta de ar, sentiu-se como se estivesse tendo um colapso, levando-o a pensar que a sua vida estava em perigo. O que sentiu e pensou, foi uma reação de medo, uma resposta do seu organismo a uma percepção de perigo extremo. Poderei dizer que foi uma resposta normal do organismo perante uma percepção de ameaça imaginada.
Em dois artigos que escrevi anteriormente acerca da problemática em torno dos ataques de pânico, expliquei como lidar com um ataque de pânico e apresentei algumas estratégias de emergência para ataques de pânico.
Neste artigo pretendo apresentar algumas explicações que possam ajudar a compreender melhor os mecanismos do medo e a forma de raciocínio que suporta a crescente cascata de aprendizagem de respostas disfuncionais do medo de ter medo. Essas respostas disfuncionais em parte são responsáveis na manutenção dos ataques de pânico o que consequentemente dificultam a extinção dos mesmos. Apresentarei ainda formas para conseguir libertar-se da ansiedade extrema.
Passos e formas que promovem os ataques de pânico
- Detetar o perigo. Você concentra-se nas suas sensações corporais como um sinal de perigo
- Catastrofizar o perigo.
- Você interpreta as sensações corporais como um risco de vida
- Controlar a situação. Você tenta controlar a sua respiração ou usa comportamentos de segurança
- Evitar ou Escapar. Você evita situações que fazem sentir-se ansioso ou tentar escapar delas
Então, vamos imaginar que você começa a respirar rapidamente quando se sente ansioso e começa a ficar com falta de ar. Vai emergir em você uma sensação de medo de que no futuro volte a sentir essa falta de ar, assim passa a estar mais vigilante sobre a sua respiração, verificando se está “perdendo o fôlego”. Você também pode começar a focar-se no seu ritmo cardíaco. Quando você notar que a sua respiração se tornou mais rápida, começa a pensar que vai parar de respirar e que pode entrar em colapso, ter um ataque cardíaco ou até mesmo morrer.
Você, começa então a alterar o seu estado, passa para o modo de “controlador” e tenta recuperar o fôlego, talvez fazendo respirações profundas, ou respirações rápidas, que o fazem ter ainda mais falta de ar. Pode ainda passar a adotar comportamentos de segurança, por exemplo, você abranda o seu ritmo de caminhada ou caminha junto dos edifícios para poder agarrar-se em caso de perda de equilíbrio.
Eventualmente, caso tenha vindo a praticar exercício físico, passa a evitá-lo (dado que o exercício físico aumenta o batimento cardíaco) ou começa também a evitar situações que possam “deixá-lo ansioso”, como sentar-se num cinema lotado ou ir ao shopping. Neste caso muito provavelmente desenvolveu transtorno de pânico com agorafobia.
Passos e forma que promovem os transtorno de pânico com agorafobia
Algumas dos seguintes exemplo fazem sentido para você?
- Concentra-se em todas as sensações corporais que não parecem “normais”.
- Interpreta essas sensações como um sinal de uma catástrofe prestes a acontecer.
- Antecipa qualquer situação onde você pode ter essas sensações.
- Evita essas situações, se puder.
- Mas, se você não pode, então faz algo para que se sinta seguro.
- Se você sobreviver à situação, atribuiu a sua sobrevivência aos seus comportamentos de segurança.
Quando você sentir as sensações de ansiedade aumentando, você pode ter alguns destes pensamentos:
- Eu vou vomitar.
- Estou prestes a desmaiar.
- Eu devo ter um tumor cerebral.
- Estou prestes a ter um ataque cardíaco.
- Eu vou ter um derrame.
- Estou prestes a sufocar até a morte.
- Eu estou ficando cego.
- Estou perdendo o controle de mim mesmo.
- Estou fazendo alguma besteira.
- Eu possa machucar alguém.
- Eu posso me machucar.
- Eu vou gritar.
- Estou com muito medo de me mover.
- Eu estou ficando louco.
Liberte-se dos seus pensamentos catastróficos
A marca registada e o grande motor do seu transtorno de pânico é a sua crença de que as sensações físicas são perigosas. Qualquer pessoa com transtorno do pânico deve fazer um checkup médico completo antes de começar com qualquer terapia cognitivo-comportamental. Depois de comprovar que não existe nenhum problema médico, tente distanciar-se das suas sensações e olhá-las mais racionalmente.
Apresento algumas interpretações mais razoáveis:
Batimentos cardíacos acelerados, falta de ar
Pensamento de pânico: Eu estou tendo um ataque cardíaco.
Resposta racional: No meu exame médico eu não tinha qualquer problema cardíaco. Eu já tive estas sensações antes e nenhum me provocou qualquer dano. O meu cérebro está a enviar-me um alarme falso, dizendo-me que estou em perigo, quando na realidade não estou. A minha reação é simplesmente a resposta normal do meu corpo a um alarme, a uma reação de medo, imaginada por mim mesmo.
Resposta racional: No meu exame médico eu não tinha qualquer problema cardíaco. Eu já tive estas sensações antes e nenhum me provocou qualquer dano. O meu cérebro está a enviar-me um alarme falso, dizendo-me que estou em perigo, quando na realidade não estou. A minha reação é simplesmente a resposta normal do meu corpo a um alarme, a uma reação de medo, imaginada por mim mesmo.
Tontura, fraqueza, desorientação
Pensamento de pânico: Estou prestes a entrar em colapso ou a desmaiar.
Resposta racional: Este é um fenómeno temporário causado pelo facto de que o meu sangue está circulando em diferentes partes do meu corpo para longe do meu cérebro. Se me sentar calmamente e respirar normalmente eu vou retornar a um estado de calma e as tonturas irão passar.
Resposta racional: Este é um fenómeno temporário causado pelo facto de que o meu sangue está circulando em diferentes partes do meu corpo para longe do meu cérebro. Se me sentar calmamente e respirar normalmente eu vou retornar a um estado de calma e as tonturas irão passar.
Pensamentos a cem à hora, agitação
Pensamento de pânico: vou começar a gritar e perder o controle.
Resposta racional: não há motivos para gritar. Eu não tenho nenhuma ideia clara do que “perder o controle” significa. Eu posso observar os meus pensamentos a cem à hora sem qualquer perigo, posso simplesmente assistir aos meus pensamentos negativos, perceber o seu conteúdo, mas não os seguir.
Resposta racional: não há motivos para gritar. Eu não tenho nenhuma ideia clara do que “perder o controle” significa. Eu posso observar os meus pensamentos a cem à hora sem qualquer perigo, posso simplesmente assistir aos meus pensamentos negativos, perceber o seu conteúdo, mas não os seguir.
Aumento da intensidade dos sintomas físicos
Pensamento de pânico: O meu pânico está a escalar. Se ele não parar, eu vou ficar maluco.
Resposta racional: Os ataques de pânico são auto-limitados. Depois de atingirem um pico máximo de sensações desagradáveis, estas começam a diminuir por conta própria. As sensações de pânico são simplesmente o resultado da excitação e não representam nenhum perigo para mim.
Resposta racional: Os ataques de pânico são auto-limitados. Depois de atingirem um pico máximo de sensações desagradáveis, estas começam a diminuir por conta própria. As sensações de pânico são simplesmente o resultado da excitação e não representam nenhum perigo para mim.
Elimine os comportamentos de segurança
As pesquisas sobre transtornos de ansiedade mostram-nos que provavelmente você está fazendo algo para sentir-se mais seguro. Se você tem transtorno do pânico, certamente usa no seu dia a dia alguns dos comportamentos de segurança que apresento a seguir, e que supersticiosamente mantêm a sua crença de que o pânico é perigoso e precisa ser controlado.
Alguns comportamentos típicos de segurança:
Senta-se perto das saídas de emergência ou da porta de saída, Procura sempre que possível ter alguém para acompanhá-lo, anda devagar ou de forma rígida, tenta recuperar o fôlego, caminha agarrando-se aos edifícios ou a um suporte, usa óculos escuros, bebe para se acalmar ou usa medicação para a ansiedade, etc.
fonte.https://www.miguellucas.com.br
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