Os Estados Unidos e a China anunciaram metas ambiciosas para limitar as emissões de gases causadores do efeito estufa no planeta. Os objetivos foram oficializados durante um encontro entre o líder chinês, Xi Jinping, e o presidente americano, Barack Obama, em Pequim.
A BBC Brasil destacou alguns números cruciais para entender o acordo entre os dois países - que, juntos, são responsáveis por cerca de 45% da produção de gases estufa.
Entre os pontos do acordo estão a promessa chinesa de aumentar a participação da energia limpa em sua matriz energética e o compromisso americano de dobrar o ritmo de redução de emissões a partir de 2020.
Posição brasileira
O Brasil chegará para a conferência de Paris com um trunfo: sua meta de redução de emissões que, segundo entidades ambientais, está a caminho de ser concretizada.
O compromisso brasileiro, acertado em 2009, é de cortar entre 36% a 39% das emissões de gases-estufa em 2020, em relação aos níveis de 1990.
A meta é voluntária, mas leva em conta o patamar adotado no chamado Protocolo de Kyoto. O acordo não previa compromissos vinculantes para países emergentes.
O acordo deve exercer um papel fundamental na conferência global sobre o clima marcada para dezembro de 2015 em Paris. O encontro discutirá as políticas climáticas a serem adotadas a partir de 2020.
Vencendo obstáculos
Segundo analistas, a negociação entre China e EUA teve de vencer obstáculos políticos: os dois países temiam efeitos econômicos negativos se apenas um deles adotasse iniciativas.
Nos EUA, grupos que se opunham às reduções de emissões de carbono apontavam a relutância do governo chinês em adotar medidas de contrapartida.
Já na China, a oposição vinha de segmentos que argumentavam que as emissões de carbono devem ser medidas com base no critério per capita, ou por habitante.
Recentemente, o país foi criticado por ter utrapassado a União Europeia nesse critério: a China produziu 7,2 toneladas per capita em 2013, enquanto a taxa europeia foi de 6,6 toneladas.
Já os Estados Unidos registraram emissão per capita muito superior, de 16,5 toneladas por pessoa.
Segundo o Projeto Global de Carbono, a China respondeu por 29% dos 36 bilhões de toneladas de carbono emitidas por todas as fontes humanas em 2013. Os EUA responderam por 15% e a União Europeia, por 10%.
Veja abaixo quais são os principais pontos dos compromissos assumidos pelas duas potências.
2030 - Teto para a poluição chinesa
A China é um dos países onde as emissões de carbono aumentam mais rapidamente. Hoje, em média o país conclui uma nova usina de carvão a cada dez dias.
Pela primeira vez, o país estabeleceu como meta que essas emissões cheguem ao patamar máximo em 2030 – ou antes disso, se possível – , primeiro passo para a redução dos níveis de poluição do ar.
26-28% - Redução de emissões pelos EUA
Já os Estados Unidos se comprometeram a reduzir os níveis de emissão de carbono registrados em 2005 para um patamar entre 26% ou 28% menor até o ano de 2025.
A meta seguida anteriormente por Washington era uma redução de 17% até 2020.
A meta americana é vista, porém, como "irrealista" por opositores republicanos. Segundo eles, o cumprimento da medida, que poderia reduzir empregos e aumentar taxas de energia, pode se transformar em um problema para o sucessor de Obama.
20% - Fatia renovável na matriz chinesa
Pequim estabeleceu uma meta ambiciosa de elevar para 20% a participação de combustíveis não fósseis em sua matriz energética.
Mas para cumprir a promessa, o país terá que construir usinas nucleares, eólicas e solares em uma escala massiva, até para padrões chineses. Será preciso gerar entre 800 e 1000 gigawatts de energia: essa quantidade equivale à força gerada por todas as usinas de carvão da China e à toda capacidade americana de geração de energia.
2x - Ritmo de redução do EUA
Para alcançar sua meta, os Estados Unidos terão que praticamente dobrar o ritmo de redução das suas emissões de carbono.
A percenagem de redução anual programada para acontecer entre 2005 e 2020 era de 1,2%. Ela terá agora que subir para um patamar entre 2,3% e 2,8% entre 2020 e 2025.
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