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quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

A aula como um ato comunicativo



A aula como um ato comunicativo
A aula como um ato comunicativo

A ação de colocar-se na frente dos seus alunos para com eles conversar sobre assuntos diversos é, primordialmente, uma ato de comunicação que levará o professor a interação com aqueles que o escuta. Ao falar sobre a interação e sua importância, o escritor Marcos Tuler, assembleiano, diz que “na interação entre professores e alunos, supõe-se que os mestres ajudem inicialmente os estudantes na tarefa de aprender, visto que esse auxílio logo lhes possibilitará pensar com autonomia. Para aprender, o aluno precisa ter alguém ao seu lado que o acompanhe nos diferentes momentos de sua aprendizagem. Por meio da interação estabelecida entre o professor (parceiro mais experiente e sensível) e o aluno” (TULER, 2013). Para conseguir essa interação, o professor faz uso da linguagem oral e corporal que, por seu turno, resultará em um ato comunicativo, em comunicação. Daí a necessidade de pensarmos o que é comunicação e quais os mecanismos para torná-la cada vez mais eficaz em sala de aula. É o que pretendemos fazer neste curto artigo.
O que é comunicação?
Em sentido etimológico, ou levando em conta a origem da palavra, comunicar é “tornar comum”, ou seja, fazer com que o outro tome como seu algo que ele não possui, que não faz parte de sua realidade.  No caso da sala de aula, poderíamos dizer que comunicar é passar aos alunos uma informação – um conteúdo - que ele não tem, para com isso ajudá-lo a crescer em sua caminhada cristã. Ao definir o que é comunicação no âmbito educacional e cristão, o autor Antonio Vieira de Carvalho (2006, p. 73) diz que:
A comunicação interpessoal [é] um processo dinâmico, em que a fonte ou emissor (educador cristão), com suas ideias e com suas emoções, elabora a mensagem de fé que comunica ao receptor (educando), o qual, por sua vez, processará o significado dessa mensagem (decodificação), adquirindo novas formas de pensar e de agir (comportamento esperado).
Podemos dizer, então, que no ato da comunicação professor e aluno colocam-se num processo interacional em que o professor compartilha com o aluno, e este com aquele, de seus conhecimentos para que ambos, por meio desse compartilhar de conhecimentos, tomem posse de novas formas de pensar para, em seguida, remodelar seu agir. No processo comunicativo “quem fala seleciona palavras e as combina em frases, de acordo com o sistema sintático da língua que utiliza [...]. Mas o que fala não é de modo algum uma agente completamente livre na sua escolha de palavras” (JAKOBSON, s.d. p.37); o que determinará as palavras que serão usadas no ato da comunicação será o repertório lexical (as palavra) que são conhecidas tanto pelo emissor da mensagem (em um primeiro momento o professor) quanto pelo receptor dessa mensagem (o aluno). Quando a comunicação é bem desenvolvida em sala de aula, os participantes do processo comunicativo podem experimentar todos os benefícios que a boa comunicação pode proporcionar àqueles que são por ela alcançados. Quando falamos dos benefícios da comunicação, nos referimos aos objetivos que são levados a fim pela comunicação eficiente; esses objetivos são chamados por Juan E. D. Bordenave de “funções da comunicação” (1982, pp. 46, 47). Em seu trabalho Bordenave apresenta ao seu leitor sete funções da comunicação, dentre aos quais quatro dizem respeito diretamente ao ato educativo, a saber:
  • A Função Regulatória. Ajuda o aluno a controlar ou re-educar o seu comportamento de acordo com as novas informações recebidas;
  • A Função Explicativa. Também camada de “função heurística”, a função explicativa explora o mundo dentro e fora da pessoa, ou seja, procura entender quais os motivos que levam determinadas coisas a acontecer da forma que acontecem, tanto na vida como no mundo físico;
  • A Função Instrumental. Procura, por meio de novos conhecimentos, satisfazer necessidades materiais ou espirituais da pessoa;
  • A Função Interacional. Procura, por meio da comunicação, estabelecer padrões saudáveis de relacionamentos entre as pessoas.
Por essas e outras razões temos dito que a comunicação é uma necessidade básica do ser humano é deve ser manejada na educação como uma poderosa ferramenta de transformação pessoa e grupal; visto que “as pessoas não se comunicam num vazio, mas dentro de um ambiente, como parte de uma situação, como momento de uma história” (BORDENAVE, 1982, p. 38). Como professores, ao nos comunicar assumimos uma posição histórica-social-esperitual que pode, ou não, ajudar o nosso aluno a melhorar como cidadão e/ou cristão na construção de uma sociedade mais comprometida com os princípios que Deus determinou em Sua Palavra (Rm 12. 1-3).
Como melhorar a comunicação?
Quando o professor cristão conscientiza-se de que o ensino e a aula são, primordialmente, um ato comunicativo ele se capacita, em consequência deste conhecimento, para melhorar sua pratica educativa, sua grande responsabilidade de falar aos homens em nome de Deus (I Co 14.3). Não por acaso nos exorta o escritor cristão Myer Pearlman (1995, p. 10) que “o ensino é uma arte que pode ser adquirida porque é governada por leis definidas. Estude e domine estas leis, aplique-as com paciência, e você descobrirá que está ensinando bem. O bom êxito [no ensino] depende de saber como fazê-lo”. Sendo assim, da mesma forma que é possível ensinar melhor quando sabemos quais são as leis que regem a arte docente, também é possível se comunicar melhor em sala de aula quando nos conscientizamos de alguns princípios que fazem com que a nossa comunicação alcancem o seu fim, ou seja, preparar homens e mulheres para ser aquilo que Deus quer que eles sejam, sempre sob a luz da Sua palavra (Sl 119. 105). Antes de conhecer os princípios que regem a boa comunicação, o educador cristão deve fazer a si mesmo, segundo Carvalho (2006, p.74), as seguintes perguntas:
1) O que desejo, de fato, comunicar aos meus alunos?;
2) Que tipo de educando (aluno) devo atingir com minha comunicação?;
3) Quais os meios de que disponho para a comunicação?;
4) Que espero de meus alunos depois da comunicação?
Quando respondida cada uma dessas questões, o professor estará em melhor condições de se comunicar com o seu aluno, além de estar melhor capacitado para identificar quais são os “ruídos” que estão fazendo com que sua comunicação em sala de aula não esteja alcançando os efeitos desejados; pois só é possível dizer em que estamos errando se soubermos onde deveríamos ter chegado e quais os resultados que deveríamos ter alcançado. Ou como disso o linguista russo Roman Jakobson (1896-1982), “para estudar, de modo adequado, qualquer ruptura nas comunicações, devemos, primeiro, compreender a natureza e a estrutura do modo particular de comunicação que cessou de funcionar” (JAKOBSON, s.d. p. 34).  Saber o porquê de sua comunicação não está sendo eficaz é uma obrigação de todo educador, e principalmente do educador cristão.
Munido dos conhecimentos necessários para identificar “as rupturas” em sua comunicação em sala de aula, cabe ao professor, em um segundo momento, buscar estratégias para melhorar sua comunicação no ambiente educativo para, em consequência, alcançar os objetivos traçados em seu plano de aula, ou projeto educativo. Ao perceber a dificuldade de certos executivos em se comunicar com sua equipe, a American Management Association, entidade sediada nos Estado Unidos, elaborou aquilo que eles chamaram de “Decálogo da Boa Comunicação” (In: CARVALHO, 2006, p. 75), que são princípios que dão melhores condições para a boa comunicação em geral. Esses princípios podem ser aplicados à comunicação em sala de aula sem prejuízos. Os princípios apresentados são os seguintes:
  1. Procure tornar suas ideias claras antes de comunicar-se;
  2. Examine o verdadeiro propósito de cada comunicação que tiver que fazer;
  3. Considere todos os aspectos físicos e humanos envolvido em sua comunicação;
  4. Ao planejar sua comunicação, consulte outras pessoas, quando necessário;
  5. Lembre-se, ao fazer sua comunicação, de verificar o conteúdo básico de sua mensagem;
  6. Aproveite a oportunidade da comunicação, transmitindo algo de útil para orientar o receptor;
  7. Controle sua comunicação, acompanhando-a em suas várias etapas;
  8. Comunique hoje, tendo em vista o futuro;
  9. Faça com que suas ações confirmem suas comunicações;
  10. Finalmente, procure não só compreender, como também, e principalmente, ser compreendido.
Tem-se, assim, os dez mandamentos para boa comunicação. É certo que alguns desses princípios já podem ser conhecidos pela maioria daqueles que lidam com a arte da comunicação; porém, segui-los nos ajudará a fazer do nosso ensino algo edificante para nossos alunos e eficiente para todos os que labutam na tarefa de ensinar a Palavra; afinal, aqueles que têm consigo o ministério do ensina devem dedicar-se a arte de ensinar (Rm 12.7). Quando esses princípios são colocados em prática, tendemos a experimentar os resultados que a boa comunicação pode proporcionar aos nossos educandos, ou seja, (a) fazê-los conscientes da realidade que os cerca e de como Deus quer que eles ajam nessa realidade e (b) fazê-los conhecedores de verdades bíblicas antes desconhecidas para com elas mudarem seu pensar e, em consequência, seu viver.
Considerações finais
A comunicação é uma necessidade primordial da criatura humana; e por meio dela que os homens constroem mundos e fazer com que suas verdades sejam conhecidas por outros. A comunicação ganhou uma importância tal para o Criador que ele fez questão de, ao fazer o primeiro homem, estimular sua capacidade comunicativa deixando que ele nomeasse os animais existentes no Édem (Gn 2.19). Mas a comunicação é também uma ferramenta indispensável e preciosa para aqueles que têm a responsabilidade de ensinar a outros; daí a necessidade que todo educador cristão e secular tem de dominar os princípios que regem a boa comunicação para que sua aula seja clara, acessível e edificante e não um emaranhado de palavras desconexas e vazias. A aula é um ato comunicativo e precisa ser tratada como tal se quisermos alcançar os objetivos para os quais o Senhor edificou a Sua Igreja (Mt 28. 19-20) e é por meio da educação em boa comunicação que faremos isso.
Referências Bibliográficas
BORDENAVE, Juan E. Díaz. O Que é Comunicação. 6ª Ed. São Paulo: Brasiliense, 1982.
CARVALHO, Antonio Vieira de. Teologia da Educação Cristã. São Paulo: Hagnos, 2006.
JAKOBSON, Roman. Linguística e Comunicação. São Paulo: Cultrix, s.d.
PEARLMAN, Myer. Ensinando com Êxito na Escola Dominical. São Paulo: Vida, 1995.
TULER, Marcos. A interação professor-aluno na classe de adultos (1ª Parte).Disponível em
< http://www.cpad.com.br/escoladominical/posts.php?s=51&i=1560Acesso em 28/05/2013.
COLABORAÇÃO PARA O PORTAL ESCOLA DOMINICAL - PROF.EV.FRANCIKLEY VITO

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