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segunda-feira, 3 de março de 2014

Entenda as opções do Ocidente para lidar com a crise da Crimeia

Atualizado em  4 de março, 2014 - 00:03 (Brasília) 03:03 GMT 
 
Tropas bloqueiam acesso a base ucraniana na Crimeia (foto: AP)
Ocidente pode focar pressão contra a Rússia na área econômica
“Um ato descarado de agressão em violação da lei internacional, em violação da Carta das Nações Unidas”. Essa foi a forma usada pelo Secretário de Estado John Kerry para descrever a intervenção da Rússia na Ucrânia
Ele ameaçou dizendo que a ação russa pode causar repercussões e também que “todas as opções estão sobre a mesa”.
Mas o que os Estados Unidos podem considerar como “todas as opções”? De forma realista, o que os Estados Unidos e o Ocidente podem fazer?

Opções diplomáticas

O primeiro grande passo dado em resposta a uma ofensa internacional é uma condenação pelo Conselho de Segurança – que normalmente é seguido por resoluções prevendo etapas a ser cumpridas pelo ofensor. Quando isso falha, o órgão pode autorizar uma ação militar internacional.
Mas essas opções estão efetivamente descartadas. A Rússia é um membro permanente do conselho e pode – e vai – vetar qualquer tentativa de condenar suas ações. Essa é a falha estrutural do sistema do Conselho de Segurança: ser impotente contra seus membros permanentes.
Mas há outros fóruns possíveis. Sete membros do G8, o grupo das nações mais industrializadas do mundo se voltaram contra seu oitavo membro, a Rússia, ao cancelar as preparações para uma reunião do grupo que ocorreria no país em junho.
Há também outras formas de cooperação com a Rússia que podem ser suspensas. A parceria entre Rússia e União Europeia, como seus encontros a cada dois anos, é uma delas. O Conselho Otan-Rússia é outra.
Mas voltar as costas para a Rússia na diplomacia gera grandes riscos. A cooperação da Rússia é vital para a política do Ocidente no Irã, na Coreia do Norte e no Afeganistão. O país também tem grande peso na Síria.
A Grã-Bretanha teria ordenado um boicote ministerial aos Jogos Paralímpicos que começam nesta sexta-feira em Sochi – que fica a menos de 480 quilômetros da capital da Crimeia, Simferopol. Mas muitos países têm se mostrado relutantes para impor boicotes aos esportes desde que retaliações ocorridas em 1980 e 1984, durante a Guerra Fria.

Opções econômicas

Indo além das opções diplomáticas, o Ocidente poderia impor medidas para atingir o país em um ponto sensível: o bolso. E isso pode ser feito sem o apoio da ONU.
A Rússia tem fortes ligações com o Ocidente. Os Estados Unidos recentemente cancelaram negociações com os russos sobre um tratado de investimento bilateral e questões energéticas.
Um dos maiores fatores que podem ser usados pela Europa para pressionar a Rússia - a energia do petróleo e do gás - é também uma fraqueza. A Rússia é o maior fornecedor internacional da Europa, vendendo cerca de 25% do gás em contratos de cerca de US$ 100 milhões por dia. Mas exatamente por causa dessa profunda dependência, a área de petróleo e gás se torna um campo de batalha improvável.
A Europa não têm alternativas para compensar uma eventual escassez dos produtos – apesar do fato de que depois de um inverno ameno o gás estocado deve ser suficiente para suprir o bloco por muitos meses.
A elite rica da Rússia poderia ser um alvo. Visitantes frequentes do Ocidente, ela mantém bilhões investidos em bancos, propriedades e até times de futebol ocidentais.
O analista de segurança especializado em Rússia Mark Galeotti afirma: “A arma mais poderosa contra o Kremlin é mirar nas elites das quais eles dependem.”
Ele afirmou que ações possíveis poderiam ser expulsão de autoridades, congelamento de recursos, restrições para vistos e até sanções contra empresas russas.
A pressão econômica do Ocidente sobre a Rússia pode ter que vir a longo prazo e ser focada na redução de investimento e comércio.
Restrições de vistos e congelamento de bens já foram usados antes – notadamente pelos Estados Unidos contra autoridades russas envolvidas na prisão, morte e julgamento póstumo do advogado Sergei Magnitsky. Essas sanções, relativamente limitadas tiveram um efeito ruim para as relações com a Rússia – que retaliou com medidas entre as quais o banimento das adoções entre americanos e russos.

EUA suspendem compromissos militares e negociações de comércio com a Rússia


O Pentágono respondeu às ações da Rússia na Crimeia suspendendo compromissos militares entre os dois países – incluindo exercícios conjuntos, acesso a portos e conferências de planejamento.

A Casa Branca já havia anunciado também a paralização de negociações de comércio bilateral e investimento envolvendo os dois países.

Mas cedo, o enviado da Rússia à ONU, Vitaliy Churkin, disse ao Conselho de Segurança que o ex-presidente deposto da Ucrânia Viktor Yanukovych pediu à Moscou que envie tropas à Ucrânia para proteger civis e evitar uma guerra civil.
Mas Francesco Giumelli, especialista em sanções internacionais da Universidade de Groningen, na Holanda, diz que esse recurso não pode ser usado indiscriminadamente contra qualquer russo rico. “Legalmente é muito difícil... como você ligaria essas pessoas da elite a ações específicas na Crimeia? Você precisa provar que eles estão envolvidos em alguma coisa errada”.
Segundo ele, a proibição de viagens – não as medidas financeiras – são o primeiro passo mais provável, direcionado a generais e autoridades da Defesa com um papel direto na crise da Crimeia, ou parlamentares que tenham apoiado a ação. Segundo ele, isso pode parecer “simbólico” mas mostra um comprometimento em agir – que pode passar por uma escalada mais tarde.
Usar medidas mais duras contra o círculo mais próximo a Vladimir Putin ou que atinjam os empresários russos poderosos é provavelmente uma forma de apenas provocar retaliações. “E como isso pode ajudar a Ucrânia?” – diz Giumelli.
“É fácil dizer que nós precisamos ser fortes, mas e se eles (os russos) disserem o mesmo? Eu não acho que a União Europeia tem o desejo de elevar isso a uma situação em que alguém terá que recuar”, afirma.

Opções militares

Partir do pressuposto de que o termo “todas as opções” usado por Kerry não descarta a ação militar pode ser uma interpretação literal demais. Analistas concordam que não há perspectivas da Otan entrar em guerra com a Rússia por causa da Ucrânia.
O chanceler britânico Willian Hague disse explicitamente: “Por hoje, nenhuma ação militar está na mesa”.
A Ucrânia é um país parceiro da Otan mas não um membro da aliança militar ocidental e por causa disso não recebe garantias de segurança.
O principal objetivo neste momento é desmilitarizar a crise e tentar encaminhar negociações diplomáticas entre a Rússia e a Ucrânia, segundo o correspondente diplomático Jonathan Marcus. Assim, a Otan deve se mover com cuidado.
Qualquer envio de forças para a região do Mar Negro ou ofertas de meios de vigilância pode ser visto pode Moscou como uma inclinação da Otan para o lado de Kiev – o que funcionaria como “uma capa vermelha para um touro”, segundo o correspondente.
Esse não é o tipo de guerra que a Ucrânia pode vencer em termos militares, com ou sem o apoio da Otan, afirmou ele.

O que esperar

Muitos analistas pensam que uma ação decisiva e súbita do Ocidente é improvável. Quaisquer sanções devem começar pequenas e depois aumentar, e levará tempo para elaborar e implementar qualquer uma delas.
E o Ocidente deverá estar preparado para o fato de que qualquer ação pode prejudicar suas próprias ligações econômicas com a Rússia, especialmente se Moscou escolher retaliar.

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