LIÇÃO
Nº 5 – UM HOMEM DE DEUS EM DEPRESSÃO
INTRODUÇÃO
- Na sequência do estudo sobre
o ministério do profeta Elias, estudaremos hoje o seu momento de fracasso
espiritual, o instante em que caiu em depressão.
- O episódio da depressão de
Elias, mostra-nos que a depressão é doença que pode nos acometer, sem que, por
isso, deixemos de ser servos do Senhor.
ELIAS PEDE QUE CHOVA SOBRE A
TERRA
- Elias tem uma grande vitória
sobre os profetas de Baal e de Asera. Após tê-los matado, Elias considerou que
o mal havia sido retirado do meio de Israel, que se iniciava uma nova fase na
história do seu povo, uma fase de comunhão com Deus.
- O
profeta tinha plena convicção de que o Senhor voltaria a dar chuva sobre a
terra, pois, afinal de contas, para
isso o Senhor o havia mandado se apresentar ao rei Acabe (I Rs.18:1).
- Elias dirige-se ao rei
Acabe, dizendo ao rei que subisse e fosse comer e beber, porque havia ruído de
uma abundante chuva (I Rs.18:41).
- Acabe atendeu à palavra do
profeta e, crendo na mensagem do homem de Deus, saiu do Carmelo e foi subir,
comer e beber.
- Enquanto Acabe foi comer e
beber, o profeta Elias subiu ao cume do Carmelo e se inclinou por terra e meteu
o seu rosto entre os seus joelhos, e pôs-se a orar, a fim de que o Senhor
mandasse chuva sobre a terra (I Rs.18:42).
- Deus não dispensa a nossa oração,
mesmo quando sabemos que o que estamos a pedir é da Sua vontade.
- Elias teve de orar por, no
mínimo, três razões, a saber:
a) para que se cumprisse a
palavra profética proferida;
b) para mostrar ao povo que
tanto a seca quanto a chuva eram dadas por Deus;
c) para mostrar ao povo que se
deve confiar em Deus, que se deve ter comunhão e intimidade com o Senhor.
- Nesta ocasião, vemos que
Elias não estava mais sozinho. Tinha consigo um moço.
- Elias foi orar e, depois de
tê-lo feito com toda reverência e humilhação, mandou que o moço fosse olhar
para a banda do mar. O moço foi e, ao retornar, trouxe um relatório negativo:
não havia nada. Elias mandou, então, que o moço fosse olhar por mais sete
vezes. Enquanto o moço ia olhar aquelas vezes, o profeta continuou a orar com
insistência.
- Lições da oração insistente
de Elias:
a) nem sempre a resposta de
Deus é imediata às nossas orações;
b) Deus não atua da mesma
maneira e da mesma forma.
- Na sétima vez que o moço foi
olhar para banda do norte, viu uma pequena nuvem do tamanho de u’a mão.
- O moço trouxe este relato ao
profeta e Elias, então, parou de orar e mandou que o moço fosse avisar Acabe
para que aparelhasse o seu carro e descesse do monte, para que a chuva não o
apanhasse (I Rs.18:44).
- Acabe, muito envolvido com a
comida e a bebida, aparelhou o carro mas a chuva o apanhou (I Rs.18:45).
- O rei subiu ao carro e foi
para Jizreel, onde ficava o seu palácio.
- A mão do Senhor estava sobre
o profeta Elias. Mas, eis que, em seguida, sem que houvesse qualquer ordem de
Deus neste sentido, cingiu os lombos e veio correndo perante Acabe, até a
entrada de Jizreel (I Rs.18:46).
- Elias, certamente, de certo
modo envaidecido pelos acontecimentos, foi até a entrada da cidade, aguardando
que Acabe tomasse as providências para o restabelecimento do culto a Deus e,
inclusive, eventual exílio ou morte de Jezabel, a responsável por toda aquela
idolatria.
ELIAS CAI EM DEPRESSÃO
- Elias se apegara a uma
situação imaginária, a uma restauração do culto a Deus por seu intermédio, com
os dois sinais que haviam sido feitos e, sem que Deus mandasse, já tinha se
deslocado para a sede do reino, a fim de “pôr as coisas nos seus devidos lugares”.
- Homem sujeito às mesmas
paixões que nós, Elias também teve sua fragilidade e nela também temos lições a
aprender, como contraexemplos.
- Elias interrompeu sua
comunhão com Deus ao correr até Jizreel. Jezabel não foi destronada e ainda
ameaçou o profeta de morte.
- Elias, decepcionado, mantém
seu distanciamento de Deus e parte para Berseba, no reino de Judá, igualmente
fora de qualquer orientação divina.
- Uma vez em Berseba, tratou
de ali deixar o seu moço, aquele que o acompanhava.
- Ao deixar ali o seu moço e
seguir rumo ao deserto completamente só, Elias como que se despia de sua função
profética, como que “pendurava as chuteiras” do seu ministério.
- O resultado desta atitude de
“independência” em relação a Deus não poderia ser mais desastroso. Era a
depressão, o desânimo, a falta de vontade de viver.
- Debaixo do zimbro, vemos um
homem derrotado, fracassado, única e exclusivamente porque deixou o lugar da
bênção, deixou o espaço em que estava debaixo da mão do Senhor, para criar o
seu próprio caminho, a sua própria vontade.
- O profeta já havia aprendido
que “Javé é Senhor” em relação à natureza, à organização política, à estrutura
sócio-econômica, mas era necessário que ele soubesse que também “Javé é Senhor”
do nosso “eu”, que precisamos nos render total e absolutamente a Ele.
- A maior luta de um servo do
Senhor é contra si mesmo, contra o seu “eu”.
- Quando somos tomados por
este pensamento de si mesmo, a tendência é a de nos isolarmos.
- Elias partira de uma
situação imaginária para ir a outra situação igualmente imaginária. Achava que
Jezabel o mataria mesmo e pede, então, que Deus se adiante à perversa rainha,
para que sua morte não fosse um “retrocesso” na conversão do povo de Israel.
.
- “Depressão” - “estado de
desencorajamento, de perda de interesse, que sobrevém, p.ex., após perdas,
decepções, fracassos, estresse físico e/ou psíquico, no momento em que o
indivíduo toma consciência do sofrimento ou da solidão em que se encontra”.
- Ante a decepção de não ter
conseguido destronar Jezabel e de ainda ser ameaçado por ela, teve o profeta a
sensação de que havia fracassado em seu intento de restaurar espiritualmente
Israel e, portanto, nada mais lhe restava senão a morte antes que a rainha lhe
viesse matar.
DEUS TRATA A DEPRESSÃO DO
PROFETA
- O tratamento da depressão é
um voltar-se para Deus, pois que a depressão representa, sempre, um perigoso
distanciamento da direção e da presença do Senhor, mediante um apego ao mundo,
um descuido que nos faz ser levado pelo nosso “eu”.
- Quando Elias estava
prostrado, junto ao pé de zimbro, Deus tomou as devidas providências para que o
profeta tivesse forças para ir até o monte Horebe, onde somente um encontro com
o Senhor lhe poderia restabelecer.
- Não há outro meio de se
tratar a depressão senão através de um encontro com o Senhor.
- Muitas vezes, como no caso
de Elias, faz-se necessário um revigoramento físico, pois a depressão tem
correspondência orgânica, traz profundo desequilíbrio em nosso organismo, o que
torna necessário, muitas vezes, que se tomem providências biológicas,
farmacológicas e psíquicas.
- Elias tinha de se alimentar
e ganhar forças para caminhar até o monte Horebe e Deus, em primeiro lugar, fez
com que ele se alimentasse e se revigorasse fisicamente.
- Por isso, mandou um anjo que
tocou o profeta e lhe deu comida, ou seja, um pão cozido sobre as brasas e uma
botija de água (I Rs.19:6).
- Além do tratamento orgânico,
também se percebe na Bíblia que Deus tomou o cuidado de fazer com que Elias
mudasse de ares, ou seja, deixasse o pé de zimbro, no deserto, e fosse para o
monte Horebe.
- Posteriormente, já no monte,
Deus fez que Elias saísse da caverna (onde entrou sem qualquer ordem divina)
para um lugar a céu aberto, claro e luminoso.
- É igualmente necessário que
a pessoa se levante, como fez Elias, ou seja, seja sensível à voz do Senhor e
atenda ao Seu chamado de um encontro pessoal.
- Após ter se alimentado esta
segunda vez, Elias recobrou ânimo físico e, com a força daquela comida,
caminhou quarenta dias e quarenta noites, em direção a Horebe (I Rs.19:5-7).
- Nesta manifestação da
misericórdia divina, Elias tem uma nova experiência com o Senhor. Descobre que
Deus também tem controle sobre os céus.
- Uma vez em Horebe, Elias
entra em uma caverna. A ação divina, até aquele instante, havia atingido tão
somente o físico do profeta.
- Deus começa a tratar o
profeta espiritualmente, a fim de quebrantar o “eu” de Elias.
- O profeta haveria de
conhecer uma outra face divina: a face do amor. Deus não estava no vento, nem
no terremoto muito menos no fogo, mas na voz mansa e delicada.
- O “eu” do profeta é
quebrantado pela voz mansa e delicada.
- O Senhor mostrou ao profeta
que não era ele o único servo de Deus e que ainda precisava fazer algo pela
obra do Senhor.
- Elias partiu do monte Horebe
(I Rs.19:19).
- Esta partida tem um grande
significado, mostra que o seu “eu” havia sido quebrantado, que estava ele na
total dependência de Deus, que voltara à direção do Espírito Santo.
- Ao ir atrás de Eliseu, Elias
retomava o seu ministério e se punha à disposição de Deus.
- Não era mais o
arrogante “zeloso”, mas alguém que compreendera que era apenas um vaso de barro
nas mãos do oleiro, tanto que, incontinenti, já foi em busca daquele que Deus
apontara como o seu sucessor.
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