- Acabe era, efetivamente, “o
filho do pai”, alguém que não queria abrir mão da “vã maneira de viver que, por
tradição, havia recebido de seu pai” (cf. I Pe.1:18), evitando romper com o
pecado e com o mundo.
LIÇÃO
Nº 1 – A APOSTASIA NO REINO DE ISRAEL
INTRODUÇÃO
- Iniciamos o estudo dos
ministérios dos profetas Elias e Eliseu, que viveram numa época de terrível
crise espiritual no povo de Israel.
- A situação espiritual de
Israel nos dias de Elias e de Eliseu era tão terrível, que o Senhor Se disse
irritado com o comportamento dos israelitas (I Rs.16:33).
I – O QUE É APOSTASIA
- “Apostasia” - deslocamento
de uma posição, a saída de um lugar, o distanciamento de um local.
- A apostasia está relacionada
com uma atitude de mudança de comportamento, de afastamento de valores
supremos, de crenças fundamentais que uma pessoa possuía e que a fazia viver
numa determinada comunidade.
II – A APOSTASIA NO REINO DE
ISRAEL
- Quando a monarquia foi
instituída em Israel, havia uma preocupante tendência no meio do povo de
Israel, qual seja, o desejo de “ser como as outras nações” (I Sm.8:5),
tendência esta que revelava uma nítida inclinação à apostasia.
- Davi, o segundo rei, deu
prioridade às coisas do Senhor, organizando o culto ao Senhor, trazendo a arca
da aliança para Jerusalém e deixando tudo pronto para que fosse edificado o
templo.
- Salomão, o terceiro rei de
Israel, concretizou os planos de seu pai Davi, edificando o templo e
reorganizando o culto a Deus.
- No entanto, depois de um
início tão promissor, desviou-se espiritualmente e a idolatria foi
reintroduzida em Israel (I Rs.11:1-9).
- Em razão da idolatria, o
Senhor dividiu Israel em dois reinos: Israel e Judá.
- Deus levantou Jeroboão,
filho de Nebate para reinar sobre dez tribos, o reino de Israel (I Rs.11:11-13;
26-40).
- No entanto, Jeroboão, temeu
que o povo, ao ir a Jerusalém, resolvesse se unir novamente a Roboão, rei de
Judá, e resolveu estabelecer um “culto alternativo” a Deus.
- Jeroboão
construiu dois bezerros de ouro, um em Dã, no extremo norte do reino, e outro,
em Betel, no sul do reino, como também constituiu sacerdotes dentre os mais
baixos do povo, a fim de que o povo “adorasse a Deus” no próprio reino de
Israel, sem necessidade de ir a Jerusalém ( I Rs.12:26-33).
- Ao fazer isto, Jeroboão
violou a lei de Moisés em, pelo menos, três pontos:
a) descumpriu o segundo
mandamento, fazendo imagens de escultura para adoração (Ex.20:4,5; Dt.5:8,9);
b) descumpriu o mandamento de
somente se adorar no lugar determinado por Deus, ou seja, na época, em
Jerusalém (Dt.12:5-15);
c) descumpriu o mandamento de
somente poder exercer o sacerdócio os filhos de Arão (Ex.35:19; Hb.5:1-4).
- Esta atitude de Jeroboão
representou o início da apostasia do povo de Israel. São os chamados “pecados
de Jeroboão”, que foram seguidos por todos os reis de Israel e que foram a
causa da destruição deste reino, que hoje é conhecido como “as dez tribos
perdidas de Israel” (II Rs.17:20-23).
- Logo que o “culto aos
bezerros de ouro” foi inaugurado, o Senhor mostrou toda a Sua indignação,
mandando um profeta do reino de Judá para profetizar contra o altar de Betel (I
Rs.13:1-10).
- Apesar disto tudo, Jeroboão
não abandonou o culto dos bezerros de ouro e, em virtude deste endurecimento de
coração, Deus fez com que o profeta Aías, profetizasse a destruição da “casa de
Jeroboão” (I Rs.14:1-16).
- Depois da morte de Jeroboão,
seu filho Nadabe reinou apenas dois anos, sendo morto por Baasa, que reinou em
seu lugar (I Rs.15:25-30).
- Com Baasa, tem início a
segunda dinastia do reino de Israel. Baasa foi um rei predito pelo Senhor, que
assumiu o reino com permissão divina.
- Baasa não quis abolir o
culto aos bezerros de ouro, o que causou, também, indignação divina e o profeta
Jeú, filho de Hanani profetizou a destruição da “casa de Baasa”, em virtude de
ter o rei Baasa seguido os “pecados de Jeroboão” (I Rs.16:1-4).
- Depois da morte de Baasa,
reinou o seu filho Elá, apenas dois anos, pois Zinri, que era o “chefe da
metade dos carros” se rebelou contra ele e o matou, tendo se feito rei, embora
tenha reinado apenas sete dias (I Rs.16:8-20).
- Zinri foi derrotado por
Onri, que comandava o exército de Israel em guerra contra os filisteus, quando
soube da morte de Elá.
- Onri fez-se rei, embora não
tivesse o apoio de todo o povo, pois metade dos israelitas preferia a Tibni,
filho de Ginate (I Rs.16:21).
- Na sucessão da “casa de
Baasa”, vemos como o povo de Israel estava cada vez mais distante de Deus. O
povo se digladiou entre Onri e entre Tibni, sem se importar em consultar a
Deus, em total desacordo com o que preceituava a lei, que exigia que o rei
fosse alguém escolhido por Deus (Dt.17:15).
- A apostasia não é um
episódio pontual, isolado e repentino. É um processo lento e gradual,
imperceptível para muitos mas que avança inexoravelmente até levar o indivíduo
a um estado espiritual lamentável e, muitas das vezes, irreversível.
- Do início do reino de Israel
com Jeroboão até a subida de Onri ao trono, passaram-se cinquenta anos, meio
século, e o povo, que, no início, era temente a Deus, a ponto de Jeroboão saber
que eles iriam a Jerusalém para adorar o Senhor, agora era um povo que nem
sequer consultava ao Senhor para saber quem deveria reinar.
- Após a morte de tibni, Onri
se consolidou no trono.
- Após seis anos de
governo, comprou de Semer o monte de Samaria e ali edificou uma cidade, a que
deu o nome de Samaria, tornando-a capital de Israel (I Rs.16:24).
- Este gesto de Onri mostra
bem qual era a mentalidade reinante: a de agradar a tudo e a todos, a de
conseguir simpatia com todos, a de se comprometer com todos.
- Nesta sua política de
agrado, popularidade e simpatia, Onri chegou, inclusive, a permitir que outros
povos construíssem partes da cidade que edificara (I Rs.20:34).
- Nesta sua gana por ser
popular, simpático e agradável a tudo e a todos, Onri não pôs fim aos pecados
de Jeroboão, prosseguiu adiante no caminho da apostasia, a ponto de o texto
sagrado dizer que fez pior que seus antecessores (I Rs.16:25).
- Esta sua gana por
popularidade e simpatia nada mais era que o desejo de se autoafirmar, de se
mostrar como alguém bem sucedido, alguém que tinha alcançado o êxito sem
qualquer necessidade de Deus. Por isso, o texto sagrado diz que o que Onri
buscava eram “as suas vaidades” e isto irritou o Senhor (I Rs.16:26).
- Depois de doze anos de
reinado, Onri morreu e foi sucedido pelo seu filho Acabe (I Rs.16:28), “Acabe”,
cujo nome significa “o filho do pai”, foi um fiel seguidor dos erros e dos
desacertos de seu pai Onri.
- Acabe, além de permanecer
nos pecados de Jeroboão, chegou ao ápice da apostasia, assumindo de vez a
idolatria, até então um tanto quanto disfarçada, trazendo o culto a Baal para
Israel.
- Acabe casou-se com Jezabel,
filha de Etbaal, rei de Sidom, e, com este casamento, permitiu que se
construísse um templo a Baal em Samaria, como também ele próprio levantou um
altar a Baal, como também construiu um bosque para Baal, passando a servir a
Baal e a participar de seu culto (I Rs.16:31,32).
- Sessenta e dois anos
depois de Jeroboão ter violado a lei de Moisés, com seu “culto alternativo”,
Israel adotava explicitamente a idolatria e o politeísmo.
- A apostasia chegava ao seu
ponto culminante, pois o povo de Israel passava a dizer que havia outros deuses
além do Senhor e, seguindo o exemplo do seu rei, passava a servir também a
Baal, a quem se construiu um templo, um altar e um bosque para adoração.
- Acabe, deslumbrado com a
prosperidade material dos sidônios, e levando em conta que Baal era tido como o
deus da fertilidade, o deus da prosperidade, acabou por servir a Baal, passou a
adorá-lo.
- Israel, assim, rejeitava
solenemente tudo quanto lhe havia sido dado por Deus através de Moisés, fazia
de Deus apenas uma divindade a mais, e divindade secundária.
- Acabe era, efetivamente, “o
filho do pai”, alguém que não queria abrir mão da “vã maneira de viver que, por
tradição, havia recebido de seu pai” (cf. I Pe.1:18), evitando romper com o
pecado e com o mundo.
- Tudo isto ocorria em Israel,
que não era nem sombra do reino sacerdotal e povo santo que Deus havia querido
que ele fosse quando do pacto no Sinai (Ex.19:5,6).
- O povo servia a Baal e a
Asera e não dava a mínima importância à lei de Moisés. Teria Deus desistido de
Seu povo? Teria o mal triunfado? Não, não e não! Deus iria agir e, para tanto,
levantaria um grande profeta, o maior que já havia surgido desde Moisés. É o
que vamos ver na próxima lição.
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