Powered By Blogger

Translate

Postagens mais visitadas

Postagem em destaque

Curso Teologico

sábado, 28 de fevereiro de 2015

Classificação da Perseguição Religiosa






Onde seguir as palavras do Senhor Jesus pode custar a própria vida: conheça os 50 países em que a perseguição aos cristãos atinge o nível mais elevado
Onde houver alguém que se comprometa a seguir a Jesus de coração, ali haverá um cristão perseguido. O chamado da Portas Abertas é servir os que pagam alto preço por causa de sua fé em Jesus.

A CLASSIFICAÇÃOUm dos objetivos mais importantes de se monitorar a situação religiosa dos países é para que a Portas Abertas defina onde sua ajuda é mais urgente. A lista relaciona 50 países segundo o grau de perseguição que os habitantes cristãos mais enfrentam. Sua atualização é feita considerando-se os acontecimentos e o ambiente religioso do país ao longo do ano anterior.

ATUALIZAÇÃO
Os dez países onde os cristãos enfrentaram a maior pressão e violência no período de formulação dos relatórios foram: a Coreia do Norte, Somália, Iraque, Síria, Afeganistão, Sudão, Irã, Paquistão, Eritreia e Nigéria.

Neste ano, dois países ingressaram na lista dos 10 onde há mais perseguição aos cristãos: o Sudão (de 11º para 6º); e a Eritreia (de 12º para 8º). Outra mudança é a entrada de três novos países: México (38º), Turquia (41º) e Azerbaijão (46º).

Desde 2002, e também para a Classificação dos Países Perseguidos 2015, aCoreia do Norte continua a ser o lugar mais difícil do mundo para praticar o cristianismo. O país passou por expulsões, em que mais de 10.000 pessoas foram banidas, presas, torturadas ou assassinadas por causa questões sociais, políticas e religiosas.

A Arábia Saudita abandonou o Top 10, mesmo a situação dos cristãos permanece tão ruim quanto antes. Isso vale também para os outros dois países que abandonam a lista dos maiores perseguidores: Maldivas e Iêmen. Ambos têm recebido a mesma pontuação que o ano anterior.

ÚNICA NO MUNDO
Esta é a única pesquisa do tipo realizada anualmente em todo o mundo. Ela avalia a liberdade que um cristão tem para praticar sua fé nas cinco esferas de sua vida: na individualidade, na família, na comunidade, na nação e na igreja.

Ao separar as áreas para análise, a Portas Abertas elabora um questionário bastante específico e extenso que contempla as diferentes formas de perseguição. Cristãos de diversas nações são convidados a responder um total de 96 perguntas que, somadas a informações obtidas por meio de pesquisas e averiguação, culminam na pontuação do país na Classificação.

O resultado final é usado para determinar a ordem dos países na posição de 1 a 50 da Classificação da Perseguição Religiosa. Além disso, a pesquisa faz distinção entre duas formas principais de perseguição: ameaças e pressões que cristãos vivenciam em todas as áreas da vida, e pela violência.

Não se engane ao imaginar que a violência é a forma predominante e mais invasiva de perseguição; em muitos casos, a opressão pode ter um efeito ainda mais devastador. Isso explica porque não necessariamente quanto maior a violência física contra os cristãos, maior é a perseguição.

AS CINCO ESFERAS DA PERSEGUIÇÃO CONTRA OS CRISTÃOS
1. INDIVIDUALIDADE
A pessoa não é livre para: escolher qual religião quer seguir; orar a Deus dentro de casa ou em lugar público; possuir um exemplar da Bíblia ou outros livros cristãos para uso pessoal etc.

2. FAMÍLIA
A perseguição vem por meio de pais, irmãos, tios, avós, primos e outros. O convertido é impedido de praticar sua fé em casa e enfrenta problemas em assuntos civis como casamento, enterro de familiares, herança e outros.

3. COMUNIDADE
O cristão sofre pressão por meio de atitudes preconceituosas, regras de convivência, casamento forçado, dificuldade de acessar recursos, pressão para renunciar a fé, discriminação no trabalho, intimações à delegacia etc.

4. NAÇÃO
O cristão enfrenta oposição, pois não há leis que garantam liberdade de culto e prática da fé. É considerado crime pregar a Palavra e, em casos mais extremos, até a conversão ao cristianismo. O cristão enfrenta problemas para tirar o passaporte, sair do país, se reunir com outros cristãos.

5. IGREJA
Enfrenta dificuldades em realizar atividades como cultos, reuniões de oração, batismos, estudos bíblicos, entre outros. Ter acesso à Bíblia e a outros materiais cristãos é quase impossível. A opressão pode vir de todas as esferas: vizinhos, governo, polícia, família.

Novos países em 2015
Turquia (41), México (38) e Azerbaijão (46)

Após ter sido retirada da Classificação por vários anos, a Turquia volta em 41º lugar.

A combinação da persistência de restrições legais e comentários negativos de alguns funcionários do governo para com os cristãos, hostilidades sociais e a ascensão do islamismo, continuar a restringir e perseguir cristãos turcos, que tem de lidar com várias barreiras sociais que são impostas por questões religiosas. Tanto na igreja como a nível nacional. O estado impõe restrições sobre os cristãos que, condenados ao ostracismo, recebem pressão também para voltar ao islamismo.

Apenas duas denominações são reconhecidas: a Igreja Ortodoxa Grega e a Igreja Apostólica Armênia, que juntas formam apenas setenta por cento da população cristã do país. Além disso, a legislação turca proibiu seminários de formação de obreiros de qualquer denominação. À medida em que a violência ganhou notoriedade, quatro igrejas na Turquia foram atacadas no período de pesquisas da Classificação.

O México também volta à Classificação, após não constar da lista nos anos anteriores. Com um aumento na pontuação de mais de dez pontos, também está entre os mais elevados na perseguição de 2015. O país chegou a este ponto principalmente em detrimento da evolução do crime organizado e registro de incidentes mais violentos contra cristãos. Nos últimos anos, a principal base de ligação com o narcotráfico mudou da Colômbia para a América Central e México. As igrejas e organizações cristãs são alvos dos grupos criminosos, porque são consideradas fontes de receita para extorquir dinheiro dos líderes religiosos. Entre novembro de 2013 e outubro de 2014, pelo menos 15 cristãos foram mortos no México, vítimas de perseguição do crime organizado. Seis líderes cristãos, ex membros do narcotráfico, foram mortos por se recusarem a voltar para o crime. Um obreiro ugandense que foi para o México como missionário foi encontrado assassinado e jogado em uma fossa. Nas comunidades indígenas, convertidos entre religiões tradicionais também têm sido vítimas de violência. Muitas vezes, suas casas foram destruídas e centenas de pessoas foram forçadas a fugir. Cerca de oitenta casos de abuso físico foram relatados nos estados do sul do país.

Na Classificação da Perseguição Religiosa 2015, o Azerbaijão recebe 50 pontos, ocupando o 46º lugar. Em geral, a situação dos cristãos no país continua a ser tão difícil quanto antes, mas este ano a Portas Abertas tem acesso a mais informações sobre a perseguição no país, o que representa melhor visão sobre a situação do cristão perseguido. É cada vez menor o número de igrejas que podem funcionar legalmente. As atividades religiosas não registradas são puníveis por lei, e as multas para quem violar essas regras são altíssimas e o registro de funcionamento é quase impossível. O autoritarismo do governo visa restringir todas as expressões públicas de religião que poderiam se tornar uma ameaça ao regime. Não só os cristãos são vítimas de perseguição, mas também outras minorias religiosas ou expressões radicais do Islã. Muitos cristãos não conseguem encontrar ou manter postos de trabalho e são vigiados de perto pelos serviços secretos.

Por que WhatsApp está sob ameaça de bloqueio em diversos países?

Foto: BBC
Aplicativo já sofreu ameaças em diversos países, sob justificativa de ser usado por criminosos
Não é apenas no Brasil, onde um juiz do Piauí ordenou o bloqueio do aplicativo, que o WhatsApp correu risco de sair do ar.
No Reino Unido, na Arábia Saudita, no Irã e em outros países, o aplicativo também sofreu ameaças de bloqueio e, em alguns deles, chegou a ser suspenso.
A discussão ocorre porque é mais difícil monitorar mensagens enviadas pelo aplicativo do que ligações telefônicas ou e-mails, por exemplo – o que, segundo alguns países, pode ameaçar tanto a segurança pública quanto a segurança nacional.
O bloqueio do WhatsApp, no entanto, é visto por muitos como uma ameaça à liberdade de expressão.
No Brasil, o juiz Luís de Moura Correa determinou que o WhatsApp fosse bloqueado para forçar a empresa a colaborar com a Justiça em uma investigação sobre pedofilia.
Na noite desta quinta-feira, a decisão foi derrubada pelo desembargador Raimundo Nonato da Costa Alencar. O magistrado entendeu que não era razoável bloquear um "serviço que afeta milhões de pessoas".
No Reino Unido, o primeiro-ministro David Cameron também critica a falta de colaboração da empresa em investigações – neste caso, sobre terrorismo.
Em um discurso em janeiro, o britânico disse que tentaria proibir serviços de mensagens encriptadas – como as do WhatsApp e do Snapshat – caso o conteúdo não pudesse ser acessado pelos serviços de inteligência britânicos.
A declaração foi feita após os ataques a revista satírica Charlie Hebdo, em Paris, que aumentaram o temor sobre ameaças terroristas. Já existe uma pressão para que empresas como Google e Facebook forneçam mais informações sobre as atividades dos seus usuários, já que há uma forte ação de recrutamento de grupos radicais pela internet.
"Vamos permitir meios de comunicação que são impossíveis de ler? Minha resposta é: não, não devemos fazer isso", disse Cameron.

Terrorismo

Ameaças de terrorismo ou à segurança nacional também serviram de justificativa para o bloqueio do serviço em outros países.
Muitos desses governos, no entanto, foram criticados por restringir a liberdade de expressão.
Na Arábia Saudita, de acordo com agências de notícias, houve uma ameaça de retirar o Whatsapp do ar em 2013 porque o serviço não estaria se adequando às regras de Comissão de Comunicações e Tecnologia da Informação. Na época, o país chegou a tirar do ar o Viber, aplicativo de mensagens e chamadas de voz pela internet, pelo mesmo motivo.
Em Bangladesh, o serviço foi bloqueado em janeiro, também de acordo com agências. O governo afirmou que havia ameaças de terrorismo e que era difícil monitorar comunicações pelo aplicativo.
"Terroristas e elementos criminosos estão usandos essas redes para se comunicar", disse uma autoridade do Paquistão para justificar a suspensão do aplicativo em uma província, segundo a mídia local.
No ano passado, o presidente do Irã, Hassan Rouhani, considerado moderado, precisou se empenhar pessoalmente para liberar o aplicativo.
A linha dura iraniana pediu a censura, segundo a emissora de TV americana Fox News, devido à compra do app pelo Facebook – cujo dono, Mark Zuckerberg, seria uma "americano sionista", segundo o comitê do país responsável pela internet.
Na Síria, que passa por uma guerra há mais de três anos, o aplicativo – usado para marcar protestos durante a Primavera Árabe – foi suspenso em 2012.
"Um golpe na liberdade de expressão e nas comunicações em todo lugar. Um dia triste para a liberdade", publicou o WhatsApp em seu Twitter à época.

Putin diz que fará tudo para esclarecer morte de opositor

Credito: AFP
Nos anos 90, Boris Nemtsov era visto por muitos como o futuro presidente da Rússia
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse que fará todo o possível para trazer à justiça aqueles que cometeram o assassinato "vil e cínico" de político da oposição Boris Nemtsov.
Em um telegrama enviado para a mãe de Nemtsov, publicado no site do Kremlin, Putin ofereceu condolências e elogiou a abertura e honestidade de Nemtsov.
Nemtsov foi baleado quatro vezes nas costas, nesta sexta-feira, em uma ponte perto do Kremlin.
Os líderes ocidentais exigiram uma investigação transparente sobre o assassinato.
No telegrama para a mãe do opositor, Dina Eydman, que tem 86 anos, Putin disse: "Vamos fazer de tudo para garantir que os autores deste crime vil e cínico e aqueles que estão por trás deles seja propriamente punidos."
"Por favor, aceite minhas mais profundas condolências sobre esta perda irreparável. Eu sinceramente compartilho sua tristeza."
Credito: AFP
Nemtsov, no centro, virou um crítico ativo de ações de Putin na Ucrânia após a anexação da Crimeia
Nemtsov foi um dos líderes das reformas econômicas realizadas na Rússia nos anos 1990.
Em uma entrevista recente, ele disse que temia ser morto por Putin em retaliação a sua oposição à guerra na Ucrânia.

Perfil

Nemtsov tinha 55 anos e era uma figura carismática da política russa, um reformador liberal que ganhou destaque no governo Boris Yeltsin e tornou-se um crítico feroz de Vladimir Putin.
Também era um cientista nuclear, ambientalista e pai de quatro filhos.
Nemtsov fundou uma série de movimentos oposicionistas depois de deixar o Parlamento russo em 2003 e era co-presidente do partido oposicionista republicano - Partido da Liberdade do Povo desde 2012.
Ele era um atuante crítico de Putin, denunciando-o pelo papel da Rússia na crise Ucrânia, pela piora da situação econômica do país e pela suposta corrupção em torno dos preparativos para os Jogos Olímpicos de Inverno de Sochi, em 2014.
Nemtsov também foi um dos principais membros do movimento liberal Solidarnost.
Credito: AFP
Ele foi detido pela polícia russa durante protestos da oposição após as eleições de 2011
Com o colega de oposição Alexei Navalny e Garry Kasparov, ex-mestre de xadrez, Nemtsov desempenhou um papel de destaque nas grandes marchas que a oposição realizou em Moscou após a controversa eleição da Rússia em 2011.
Foi preso por ter participado nos protestos e detido no final de 2011 para 15 dias.
Apesar de ser um importante membro da oposição, ele nem sempre concordava com a fragmentada oposição liberal russa.
Em 2011, foram divulgadas gravações em que ele se referiu a oposicionistas como "hamsters" e "pinguins com medo" - mas suas transgressões menores não causaram grandes rompimentos.

Possível presidente

Nemtsov concorreu pela primeira vez em 1989, sem sucesso, antes de ser eleito para o Parlamento da Rússia em 1990.
Ele ficou ao lado de Boris Yeltsin quando seu governo foi atacado, em 1991, e, em troca da lealdade, recebeu o cargo de governador regional de Nizhny Novgorod.
Nemtsov era jovem e eloquente, fluente em inglês e lidava bem com a mídia, e Nizhny Novgorod, com muitas indústrias militares, tornou-se uma vitrine para o investimento estrangeiro na Rússia.
Ele rapidamente se tornou um dos mais proeminentes políticos da Rússia, e observadores especularam que Yeltsin estaria preparando Nemtsov para ser seu sucessor.
Em 1997, Yeltsin fez dele vice-primeiro-ministro encarregado da reforma econômica. Mas Nemtsov, posteriormente, se arrependeu do que fez, pois isso marcou o início de seu declínio político.
Quaisquer ambições presidenciais que ele pudesse ter foram destruídas pela crise econômica de agosto de 1998, o que também lhe custou o emprego no governo.

Declínio político

Em 1999, Nemtsov fundou a União das Forças de Direita (SPS), com os colegas liberais Anatoly Chubais e Yegor Gaidar.
Inicialmente, o grupo parecia moderadamente bem sucedido, ganhando 10% das cadeiras na eleição de dezembro e formando uma frente influente no parlamento russo.
Mas, nos próximos anos, a posição da SPS em relação ao novo presidente da Rússia, Vladimir Putin, passou de um apoio condicional para oposição aberta - e o partido perdeu apoiadores.
Na eleição de 2003, o SPS não conseguiu chegar ao limiar de 5% necessário para entrar no parlamento.
Nemtsov renunciou ao cargo de líder da sigla e seguiu uma carreira de negócios, enquanto fazer tentativas frustradas de reunir liberais russos, deixados em completa desordem pela catástrofe eleitoral.
Ele tornou-se novamente um rosto proeminente da oposição em 2011, mas havia estado fora dos holofotes nos últimos anos.
Ainda assim, embora não fosse mais considerado parte da política mainstream da Rússia, sua morte chocou muitas pessoas em todo o país.
Uma manifestação da oposição prevista para este domingo ainda será feita, mas a morte de Nemtsov, sem dúvida, será vista como um aviso aos críticos de Putin.
O correligionário Garry Kasparov disse que o derramamento de sangue era inevitável na "atmosfera de ódio e violência" do presidente Putin. A mensagem é clara, acrescentou: "Oponha-se a Putin e sua vida vale pouco."

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

7 coisas que você precisa entender sobre o Estado Islâmico


islamic-state
Desde que os Estados Unidos invadiram o Iraque, em 2003, os conflitos no Oriente Médio têm aparecido na mídia com mais frequência. Por anos, o ocidente ouviu todo tipo de relato, principalmente os mais atrozes, como invasões, terrorismo e morte de civis. Em 2014, a avalanche de notícias ruins chegou ao seu auge quando vídeos que mostram a violência explícita de um grupo radical muçulmano foram divulgados na internet.
Para entender a situação no Oriente Médio, é importante conhecer melhor o Estado Islâmico. É aqui que a gente entra. Confira sete informações básicas sobre o tema a seguir:

1. Sunitas e Xiitas
A história é antiga, do início do século VII. Quando morreu o profeta Maomé, fundador do islamismo e responsável pelo Alcorão, começou uma disputa política para ver quem ocuparia a posição de principal líder da cultura islã. Quem reivindicava o cargo era Ali, genro de Maomé. Mas o povo o achava jovem e inexperiente demais para o cargo. Quem acabou escolhido pela maioria dos muçulmanos foi Abu Bakr, que era amigo do profeta.
A discordância foi a origem de uma divisão na população islâmica. Mas, por um tempo, ficou tudo bem. Depois de Abu, outros dois líderes foram aclamados como chefes supremos e governaram em paz. Mas, em 656, o califa Uhtman foi assassinado por um grupo rebelde, o que abriu espaço para que Ali finalmente se tornasse o novo governante. Nesse ponto, a tensão entre os dois grupos já era enorme e o califa acabou morto cinco anos depois, por um opositor.
Além dessa desavença política, questões religiosas também separam os grupos. Aqueles que seguem rigidamente as antigas interpretações do Alcorão e da lei islâmica, a Sharia, são os xiitas. Eles defendem, por exemplo, que os califas só podem vir da árvore genealógica de Maomé. Apesar de serem minoria em outros lugares, são parte significativa do Iraque e do Irã, por exemplo.
Já os sunitas, que correspondem a cerca de 90% da comunidade islâmica do mundo, divergem dos xiitas com relação ao tipo de sucessão do profeta e adotam uma fonte de conhecimento diferente: o livro de Suna. Nele são contados os grandes feitos de Maomé e, por essa natureza, os sunitas tendem a ser mais abertos às transformações. O Estado Islâmico veio do povo sunita, apesar de carregar consigo uma aura de violência que não é característica dele.

2. As guerras no Iraque
guerra-a-terror
Tudo começou quando os Estados Unidos invadiram o Iraque, em 2003, sob o pretexto de combater o terrorismo. A ocupação não foi nem um pouco pacífica e o país norte-americano enfrentou uma grande resistência de diversos grupos militares iraquianos. Destes, um dos que mais se destacou foi o Jama’at al-Tawhid wal-Jihaduma, que existia desde 1999 e era liderado pelo jordaniano Abu Musab al-Zarqawi. Ele foi o responsável por comandar diversos ataques às forças de coalizão e promover as ações suicidas contra civis iraquianos. Demorou apenas um ano para que ele firmasse aliança com Osama Bin Laden, mudando o nome do grupo para Tanzim Qaidat al-Jihad fi Bilad al-Rafidayn, ou, como é mais conhecido, Al Qaeda no Iraque.
Nos dois anos seguintes, o grupo se fundiu com outros menores e buscou evitar os erros cometidos pela facção principal da Al Qaeda. Isso foi em 2006, pouco antes do líder al-Zarqawi ser morto por um ataque aéreo promovido pelos Estados Unidos, em junho. Esse fato trouxe Abu Omar al-Baghdadi para o poder e, em outubro do mesmo ano, o grupo passou a se autointitularEstado Islâmico do Iraque (EII), cujo principal objetivo era estabelecer um estado islâmico nas áreas majoritariamente sunitas do país.
No fim da década de 2000, a imagem do EII foi severamente abalada por conta da violência gratuita contra a população iraquiana, que deixou de apoiá-lo massivamente. A reorganização começou a ser feita em 2010, quando os líderes Abu Omar al-Baghdadi e Abu Ayyub al-Masri foram assassinados por ações dos Estados Unidos, dando espaço ao atual líder: Abu Bakr al-Baghdadi.
Após a saída das tropas dos Estados Unidos do Iraque, no final de 2011, quem ficou responsável pela reestruturação do país foi um grupo xiita. Apesar da elaboração de uma nova constituição e da transformação do Iraque em uma república parlamentarista, os ataques na região continuaram. Comandados por diversos grupos contrários ao governo pró-ocidente, entre eles o Estado Islâmico do Iraque, os bombardeios voltaram a ser rotina. Desde então, o EII seguiu avançando territorialmente no norte do país, sob os olhares atentos dos Estados Unidos, que só observavam tudo de longe.

3. O líder Abu Bakr al-Baghdadi
ibrahim
Apesar de Abu Bakr al-Baghdadi comandar o EI desde 2010, há poucas informações disponíveis sobre sua vida. Boa parte do que se sabe veio de blogs jihadistas. Em 2013, eles publicaram informações sobre o doutorado que o califa possui em estudos islâmicos, pela Universidade Islâmica de Bagdá.
Nascido em 1971, próximo à cidade de Samarra, ao norte de Bagdá, al-Baghdadi teria formado grupos militares nas províncias de Salaheddin e Diyala antes de entrar para a Al-Qaeda. Em 2006, foi preso em Camp Bucca, prisão estadunidense ao sudoeste do Iraque, de onde foi liberado em 2009.
Pouco se sabe sobre sua personalidade, mas desde que o Estado Islâmico foi criado, ele prefere ser chamado de al-Khalifah Ibrahim. Em outubro de 2011, o Departamento de Estado dos Estados Unidos declarou que al-Baghadadi era um terrorista global e ofereceu um prêmio de 10 milhões de dólares para quem tiver informações que levem à sua prisão ou morte.

4. Guerra Civil Síria
guerra-civil-siria
Quando a Primavera Árabe floresceu no Oriente Médio, a Síria também teve sua parcela de revoltas internas. O país, governado pelo partido Baath desde 1963 e pelo presidente Bashar al-Assad desde 2000, enfrentava sérias restrições econômicas, índices de desemprego na casa dos 25% e a degradação constante dos direitos humanos. Então, entre janeiro e março de 2011, os grandes protestos da população contra o governo começaram.
O presidente al-Assad não considerou as manifestações legítimas, declarando que elas eram feitas por terroristas, e as reprimiu com intensidade. Segundo o Observatório de Direitos Humanos, cerca de 73 mil pessoas foram mortas no conflito só em 2013, sendo que 22 mil delas eram civis. E o que era apenas um conflito político, tornou-se também um conflito religioso por conta das divergências existentes entre os diversos grupos que vivem no país.
O Estado Islâmico entra nessa história porque, desde que al-Baghdadi tomou o controle do grupo, em 2010, eles cruzaram a fronteira síria. Com os confrontos contra o poder local, o EI enviou diversos militares para combatar al-Assad e garantir a formação da Jabhat al-Nusra, o braço deles na Síria. Esse grupo foi o responsável por vários ataques a cidades sírias, especialmente no norte do país. Em 2013, a Jabhat al-Nusra se uniu com o Estado Islâmico do Iraque, formando o chamado Estado Islâmico do Iraque e Síria (EIIS ou ISIS, em inglês).

5. O califado
No dia 29 de junho de 2014, o EIIS anunciou a criação de um califado nas terras dominadas por ele no Iraque e Síria. Com isso, o califa al-Baghdadi se autodeclarou como autoridade para os cerca de 1,5 bilhão de muçulmanos existentes no mundo. Nesse mesmo período, devido a conflitos internos com o líder do braço sírio, o EIIS se separou e passou a ser chamado apenas de Estado Islâmico (EI).
O califado nada mais é do que uma forma de governo em que o governante é considerado o sucessor do profeta Maomé, seja geneticamente (como pregam os xiitas) ou escolhido pelo povo (a ideia dos sunitas), e que reúna em si toda a fé islâmica sem limites geográficos. Tipo um governo universal mesmo. Os autores divergem quanto à última vez em que um califado tenha funcionado. Alguns dizem que foi durante os quatro primeiros governos da sociedade islâmica e que durou apenas 30 anos, ainda no século VII. Outros relatam diversas outras tentativas ao longo da história, inclusive o califado Ahmadiyya, que seria uma organização global que estaria em funcionamento desde 1908.
Os califados também possuem um caráter expansionista e não reconhecem fronteiras políticas. O Estado Islâmico, por exemplo, vem realizando ataques sucessivos a diversas cidades sírias e iraquianas, aumentando sua extensão territorial. Desde o início de 2014, por exemplo, cidades como Mosul, Tikrit e Deir Ezzor foram tomadas. De acordo com o serviço de inteligência dos Estados Unidos, estima-se que o EI seja composto por mais de 31,5 mil pessoas, sendo 15 mil estrangeiros de 80 países, muitos deles veteranos de guerras anteriores, o que contribui com a organização militar do grupo.

6. A violência
violencia
Em agosto de 2014, o Estado Islâmico divulgou um vídeo que mostra a decapitação do jornalista britânico James Foley, desaparecido na Síria desde 2012. Menos de um mês depois, outro vídeo foi divulgado e a morte de mais um jornalista, Steven Sotloff, foi confirmada. O terceiro vídeo que foi parar na internet mostrava o assassinato do humanista britânico David Haines.
Os casos chocaram o mundo. Em grande parte porque tratava-se da execução de pessoas ocidentais, não-muçulmanas. Mas a verdade é que a violência do Estado Islâmico não é um caso isolado. Apesar de ser sunita, o grupo é mais radical em suas posições do que a maioria da população islâmica e tem causado controvérsias por isso. Em julho, por exemplo, o grupo destruiu a Tumba de Jonas, local sagrado tanto para o Islã, quanto para católicos e judeus. Na invasão do campo de gás de Shaer, 270 pessoas foram mortas. Em maio de 2014, 140 jovens curdos foram raptados para terem lições sobre o radicalismo islâmico. Isso sem falar nos vários ataques a civis feitos ao longo dos anos, sem confirmação do número de mortos.
Aliás, declarar a fundação de um califado é, acima de tudo, uma forma de mostrar a superioridade do Estado Islâmico frente aos outros grupos islâmicos existentes. Na Síria, um dos principais conflitos atuais é contra o governo de Assad. No Iraque, eles lutam no oeste do país, na província de Anbar. No caminho desses dois países, não faltam relatos de execuções em massa. Contribui para isso o poder de fogo que o EI possui e a organização militar, muito maior do que o de seus adversários locais.

7. Reação internacional
Em agosto de 2014, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciou uma intervenção na região pela primeira vez desde 2011, quando as tropas saíram do Iraque. Em setembro, o discurso endureceu e Obama disse que os Estados Unidos liderariam uma coalizão contra EI. “O ‘Estado Islâmico’ não é islâmico, pois mata e aterroriza, e também não é um Estado”, disse.
As críticas feitas pela população norte-americana a respeito da guerra ao terror durante o governo Bush ajudam a explicar a demora em Obama se manifestar. Mas, diante dos vídeos divulgados pelo EI e da pressão popular, o governo não pode deixar de se manifestar. Mas com cuidado. O presidente garantiu que não enviaria tropas para a Síria, apenas esforços aéreos para ajudar os combatentes locais.
A posição dos Estados Unidos reflete um pouco a situação do mundo com relação ao Estado Islâmico. Alguns países da região tentaram interferir na situação através do apoio a tropas locais, mas não adiantou muito. Apesar de a ONU já considerar o EI como uma organização terrorista desde 2004, outros países-chave para o conflito demoraram a se manifestar ou ainda não o fizeram. A Turquia só quebrou o silêncio em outubro de 2013. A Arábia Saudita, em março de 2014, e o Reino Unido, em junho do mesmo ano.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

O plano de Israel para atrair judeus europeus?

Crédito: Getty
Ataques a judeus em países europeus fizeram Israel lançar plano de imigração específico para o continente
"Judeus voltaram a ser assassinados em solo europeu apenas por serem judeus e essa onda de ataques terroristas, que inclui ataques assassinos antissemitas, deve continuar."
Foi assim que o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, explicou os motivos que levaram seu governo a lançar um plano de imigração em massa para atrair judeus que vivem na França, na Ucrânia e na Bélgica. O anúncio do primeiro ministro gerou questionamentos dentro e fora de Israel.
A declaração de Netanyahu veio após a recente série de ataques extremistas que aconteceram na França e na Dinamarca, que comoveram o mundo.
No fim de semana, dois homens morreram em dois atentados extremistas na Dinamarca. Um deles era judeu. No início do ano, quatro judeus morreram em um ataque a um supermercado kosher em Paris – o incidente aconteceu logo depois do massacre que ocorreu na sede da revista satírica Charlie Hebdo, quando 17 pessoas morreram.
Crédito: AFP
Um ataque a um supermercado na França matou quatro judeus em janeiro
Todos foram ataques perpretados por grupos extremistas islâmicos.

Críticas ao projeto

Ainda assim, muitos acreditam que um êxodo em massa de judeus da Europa significaria fazer o jogo do extremismo. O principal rabino da Dinamarca, Jair Melchior, afirmou que "o terrorismo não é motivo para emigrar para Israel. Os judeus da Dinamarca vão a Israel porque amam Israel, e não porque houve um atentado terrorista. Fugir seria uma vitória do terror", comentou.
Há também quem suspeite que o anúncio é uma jogada política de Netanyahu de olho nas próximas eleições de 17 de março no país.
"Estar em campanha eleitoral não justifica qualquer declaração", disse o primeiro ministro francês, Manuel Valls, cuja esposa é judia. "O lugar dos franceses judeus é na França. Minha mensagem é a seguinte: a França está ferida, assim como vocês, e não quer que ninguém fuja."
A primeira ministra da Dinamarca, Helle Thorning-Schmidt, disse que seu país "não seria o mesmo sem a comunidade judia".
O plano, aprovado no último domingo com um orçamento de US$ 46 milhões (R$ 131,8 milhões), atuaria em diferentes frentes.
A primeira seria o estímulo de migrações a partir da França, Ucrânia e Bélgica; isto seria feito através de feiras de divulgação nesses países sobre as oportunidades que Israel oferece.
Além disso, o plano buscaria criar um sistema para acolher esses imigrantes, em especial aqueles provenientes de áres consideradas de emergência.
De sua parte, o governo israelense propõe subsidiar aulas de hebraico; aumentar a folha de pagamento dos departamentos oficiais de imigração para acelerar os procedimentos e conselhos para cada caso; e fortalecer os serviços sociais do país e para a geração de emprego, especialmente voltado para a criação de empresas.
"Israel é a sua casa e está preparado para acolher uma grande imigração da Europa", disse Netanyahu aos judeus europeus ao apresentar seu plano.
De acordo com a chamada Lei de Retorno, os judeus que decidirem ir a Israel têm direito a receber um pacote de benefícios, além de obter a cidadania do país.
Para o governo de Israel, o plano de imigração – que tem a intenção de fazer com que mais europeus aproveitem essas vantagens – é uma resposta ao que considera uma escalada nas solicitações recebidas de judeus para mudar de país.

Interesse

Crédito: AFP
Netanyahu propôs plano de imigração para judeus que vivem na Europa com orçamento de US$ 46 milhões
A emigração de judeus provenientes de países europeus para Israel já vem aumentando.
Na Ucrânia, ela tem acontecido por causa do conflito com os russos no leste do país; na França e na Bélgica, o motivo seria um crescente sentimento de antissemitismo, ainda que alguns especialistas também indiquem o fator econômico – e a crise nesses países – como uma grande influência para esse processo.
Segundo as estatísticas, mais de 11 mil judeus franceses se interessaram em emigrar para Israel em janeiro passado.
Em 2014, o número de judeus que emigrou da França para Israel foi 6.658, segundo os dados do Ministério de Imigração israelense. O número representa o dobro do registrado em 2013. Só no mês de janeiro, Israel deu procedimento a 1.835 solicitações.
No caso da Ucrânia, em 2014, 5.921 pedidos foram registrados, mais do que o triplo do número de imigrantes de 2013. Em janeiro, foram contabilizadas 1.300.
O número da Bélgica é bem menor – 233 em 2014 -, mas em Israel, estima-se que ele deve aumentar drasticamente com o novo plano.
Porém, para o diretor da Agência Judia – instituição encarregada de levar judeus a Israel -, Natan Sharansky, os fundos do plano não são suficientes para amortizar os efeitos, sobre a economia e a sociedade, da onda migratória prevista.
"Sem soluções a longo prazo para esses problemas, Israel viverá tempos difíceis para atrair judeus que busquem um novo futuro", advertiu.
Para o ex-presidente israelense Simón Peres, o plano é um apelo político de Netanyahu - o qual critica.
"Não venham a Israel por uma posição política, mas porque querem viver aqui", disse Peres a judeus europeus. "Israel deve continuar sendo uma terra para a esperança e não para o medo."

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

O Apocalipse do Cristianismo Iraquiano


Johannes Gerloff
Aniquilar cristãos e outros “infiéis” é o alvo declarado do extremismo islâmico no Iraque. Uma das mais antigas culturas cristãs do mundo está diante de seu fim.

As imagens são terríveis. Mulheres acorrentadas umas às outras são ofertadas em fila como escravas sexuais. Os homens são obrigados a deitar-se em valas comuns, onde são mortos com tiros na cabeça. Vêem-se muitas cruzes com corpos humanos ensangüentados dependurados. Não apenas soldados, até crianças pequenas são decapitadas; as cabeças cortadas são expostas em estacas – fotografadas pelos assassinos e publicadas orgulhosamente na internet.

Essas imagens terríveis vêm acompanhadas de histórias ainda mais horríveis. 
É impossível saber se todas elas são verdadeiras ou se cada uma delas se relaciona de fato com as imagens que vêm a público, mas causam o efeito desejado: milhares de cristãos orientais estão em fuga. Em pleno século 21, uma das mais antigas culturas cristãs está diante de seu fim.

A “escritura na parede” era bastante evidente: o que hoje é a mais cruel realidade, já vinha sendo anunciado há anos em pichações nas paredes e nos muros das grandes cidades iraquianas como Bagdad e Mosul. E o ódio anticristão ali grafitado não era sem precedentes. Há uma década e meia, inscrições islâmicas já sujavam as ruas do Egito: “Primeiro o povo do sábado (judeus)! Depois o povo do domingo (cristãos)”!
Há uma década e meia, inscrições islâmicas já sujavam as ruas do Egito: “Primeiro o povo do sábado (judeus)! Depois o povo do domingo (cristãos)”!

De fato, a expulsão em massa da população cristã do Oriente árabe-islâmico é uma continuação coerente das limpezas étnicas planejadas e meticulosamente executadas contra os judeus dos países árabes, o “povo do sábado”. Se em meados do século 20 ainda vivia em torno de um milhão de judeus no mundo árabe, hoje essa região é praticamente “judenrein” (livre de judeus).[1]

Atualmente os centros, instituições e organizações do “povo do domingo” tornaram-se “alvos legítimos” dos extremistas muçulmanos. Eles querem declaradamente “matar todos os infiéis, onde quer que os encontrem”. “Infiéis” do ponto de vista islâmico são todos os de outra fé ou crença, não apenas cristãos, também os yasidis e os muçulmanos das alas opostas.

Da perspectiva cristã, a ameaça crescente não vem apenas dos muçulmanos sunitas como a Irmandade Muçulmana, a Al-Qaeda e suas “filhas”, a Frente al-Nusra ou o “Estado Islâmico” (EI), pois cada vez mais ela também parte de grupos xiitas. Assim, em 2012 o grão-aiatolá Sayid Ahmad Al-Hassani Al-Baghdadi, em uma entrevista para o canal de televisão Al-Baghdadiah, ordenou a ilimitada sujeição e o assassinato de todos os cristãos do Iraque.

Islâmicos radicais agiram sistematicamente no Iraque durante anos, difundindo um clima de ameaças, terror, intimidação. É curioso ver como os grandes do mundo, especialmente os Estados Unidos, se mantiveram calados diante dessa tendência. Os cristãos foram xingados de “politeístas” ou “amigos dos sionistas”. Agora o EI coloca os cristãos da Síria e do Iraque diante da alternativa: converter-se ao islã ou morrer.

Concretamente, no dia 17 de julho de 2014 o EI impôs um ultimato aos cristãos ao norte de Mosul, concedendo três dias para deixarem seu “califado”. O anúncio salientava que o “califa” Abu Bakr Al-Baghdhadi estava sendo muito generoso com esse prazo, pois nada o obrigaria a concedê-lo. Esse ultimato causou uma fuga maciça de cristãos de Mosul ao Curdistão autônomo, que fica próximo. Muitos cristãos idosos ou deficientes, que não viram qualquer possibilidade de fugir, se converteram ao islã.

Chocados, os refugiados contam como foram parados em barreiras nas estradas logo depois que deixaram suas casas e como foram roubados de seus últimos pertences: “Eles tomaram tudo, nossos carros, nosso dinheiro, identidades e passaportes e até as fraldas dos bebês e os medicamentos de uma menina com doença crônica”. Outra menina de seis meses de idade teve seus brincos de bijuteria violentamente arrancados de suas orelhas. “Muitos de nós foram surrados”, contam eles. E os muçulmanos ameaçavam: “Não voltem nunca mais para este país! Esta terra é nossa. Se vocês voltarem, vamos matá-los com a espada”.
“Eles tomaram tudo, nossos carros, nosso dinheiro, identidades e passaportes e até as fraldas dos bebês e os medicamentos de uma menina com doença crônica”.

O patriarca caldeu Louis Sako avalia que mais de 100.000 cristãos estão em fuga. Ele menciona expressamente que 1.500 manuscritos antigos foram queimados pelos fanáticos muçulmanos, coisa bastante incomum no mundo islâmico. Geralmente os muçulmanos têm grande apreço até pelos livros cristãos. Antes da “libertação” pelos americanos, ainda viviam em Mosul 60.000 dos 1,5 milhões de cristãos iraquianos. Em 23 de julho de 2014 o arcebispo sírio-ortodoxo da cidade, Nikodimus Daud, que vive no exílio em Irbil, declarou ao canal russo Russia Today: “Não existem mais cristãos em Mosul!”. Contou ainda que os muçulmanos do EI arrancaram as cruzes das igrejas, “primeiro da minha catedral Mar-Afram”. E então queimaram tudo o que havia na igreja, instalaram alto-falantes, e com suas orações transformaram-na em uma mesquita.

Outras igrejas da Síria e do Iraque foram explodidas pelos combatentes do EI, como também diversas mesquitas que esses muçulmanos fanáticos consideram uma ameaça à fé no Deus único (quando são locais de peregrinação muçulmana). O venerável mosteiro de Mar-Behnam, na região de Al-Chadhir, a sudeste de Mosul, que data do século quatro, foi tomado e seus monges foram todos expulsos.

Pelo visto, o “califa” do EI havia oferecido aos habitantes da recém-conquistada Mosul o pagamento da jizya, um imposto de proteção. Em fevereiro de 2014 os habitantes cristãos da cidade síria de Al-Rakka, situada às margens do Eufrates, haviam firmado um acordo como dhimmis dos conquistadores. Nele, os muçulmanos se comprometem, segundo antigas tradições, a proteger a vida, a propriedade e os locais religiosos dos cristãos. Por isso, esse status “dhimmi” também é chamado de “status dos protegidos”.

Os cristãos, por sua vez, se comprometeram a pagar a jizya, de acordo com suas condições de renda, variando entre 178 e 715 dólares por ano. Além disso, não podem construir novas igrejas nem restaurar as antigas ou danificadas. Cristãos sob a condição de dhimmis estão proibidos de tocar sinos e de expor publicamente seus símbolos religiosos, como cruzes ou textos sagrados. Na presença de muçulmanos, não podem ler em voz alta ou recitar textos religiosos. Os dhimmis devem evitar qualquer postura de oração em público e não podem carregar armas. Além disso, comprometem-se a não impedir que outros membros de sua própria religião se convertam ao islã, estão obrigados a honrar o islã e os muçulmanos e a não ofendê-los da forma que for.

O Estado Islâmico baseia todas essas medidas no Corão (sura 9, verso 29), que leva o título de “O Arrependimento”. Ali está escrito acerca dos cristãos e dos judeus: “Dos adeptos do Livro, combatei os que não crêem em Deus [Alá] nem no último dia e não proíbem o que Deus [Alá] e seu Mensageiro [Maomé] proibiram e não seguem a verdadeira religião – até que paguem, humilhados, o tributo”. O xeque Hussein Bin Mahmud, proeminente autor nos fóruns jihadistas na internet, opina a respeito: “Esse é um claro texto divino. Todo aquele que lê o Corão vê isso”. A humilhação que envolve o status de dhimmi é tributada à incredulidade dos próprios cristãos, segundo explica Bin Mahmud: “Como infiéis, eles são indignos e desprezíveis e devem ser tratados como tais”.


Iraquianos fugindo de Mosul.

Segundo o acordo, uma transgressão desse contrato significa passarem a ser tratados como “inimigos”. A alternativa à assinatura do contrato de dhimmi é “a espada”. No começo de agosto, os milicianos do EI em Tel Afar, uma cidade a oeste de Mosul, prenderam aproximadamente 100 cristãos e yasidis; os homens foram mortos e suas mulheres e filhas vendidas como escravas. De forma oficial, os líderes religiosos islâmicos decidem nesses casos: mulheres e moças cristãs são consideradas “propriedade legítima dos muçulmanos”.

Como os cristãos de Mosul não quiseram submeter-se ao acordo como dhimmis, só lhes restou a fuga. Seus bens foram consfiscados. A prova de que as ações do EI foram planejadas sistematicamente e muito bem organizadas pode ser vista na marcação dos imóveis dos cristãos: a letra árabe N (de “Nasara”, nazareno, cristão) acompanhada da inscrição “Propriedade do Estado Islâmico”.

Especialmente chocante para os cristãos de Mosul que viram essa identificação de suas propriedades, foi o comportamento de seus vizinhos muçulmanos, gente com quem conviviam pacificamente há décadas, agora colaborando voluntariamente com o procedimento do EI. De repente eles afirmaram: “Esta terra pertence ao islã! Os cristãos não devem viver aqui!” Um refugiado cristão de Mosul contou: “Quando os homens do EI entraram em nossa cidade, as pessoas os saudaram com júbilo – e expulsaram os cristãos”.

Na segunda semana de agosto de 2014, o arcebispo caldeu católico de Mosul, Amel Nona, que vive no exílio em Irbil, declarou diante de um jornalista italiano: “Nossos sofrimentos atuais são apenas uma prévia daquilo que espera pelos cristãos europeus e ocidentais em futuro próximo”. E mais: “Vocês precisam dar-se conta da realidade aqui no Oriente Médio, porque o número de muçulmanos que vocês recebem em seus países torna-se cada vez maior. Seus princípios liberais e democráticos não valem nada aqui”.

Em relação aos milhões de muçulmanos na Europa, ele declarou: “Vocês terão de tomar decisões fortes e corajosas, nem que seja às custas de seus próprios princípios”. O jornal italiano Corriere della Sera o descreveu como “um homem marcado pelo sofrimento”, que “não se rendeu”. O arcebispo Nona, conforme suas experiências, ainda vê “uma possibilidade de interromper o êxodo cristão do lugar onde o cristianismo tem raízes bem anteriores ao islamismo: Combater violência com violência!”. Resta ver se os recentes bombardeios às posições do EI poderão impedir o seu avanço. (Johannes Gerloff — israelnetz.de — chamada.com.br)

Artigos

Quem sou eu

Minha foto
BLOG DO Prof.. Pr. Carlos Pinheiro

Seguidores