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domingo, 6 de outubro de 2013

Cícero Canuto de Lima: herdeiro da doutrina sueca


Cicero Canuto de Lima, mais que um líder, foi uma legenda dentro das Assembleias de Deus no Brasil. Ao lado de Paulo Leivas Macalão, é um dos nomes mais emblemáticos da denominação. Tal como o pastor Macalão, é impossível contar a história das ADs sem se referir ao saudoso obreiro. Mas como muitos pioneiros das ADs, muito se fala em Cícero Canuto de Lima, porém pouco se sabe sobre ele de fato. Quem foi esse senhor e líder? 


Segundo fontes oficiais, Cícero nasceu em Mossoró/RN no dia 19 de janeiro de 1893. Converteu-se ao pentecostalismo em 1918 na cidade de Timboteua, Pará. Em 1923 foi separado ao ministério pastoral por Gunnar Vingren. Cooperou nas igrejas do Pará, mas logo seguiu para João Pessoa capital da Paraíba (na época a capital do Estado da PB se chamava Cidade da Paraíba). Por 15 anos liderou essa igreja, rumando para o sul em 1939 onde cooperou na AD em São Cristóvão, até que em 1946, depois de pastorear a AD em Santos, assumiu a AD Missão em SP. Em SP foram 34 anos de pastorado, o qual cessou somente em 1980 ao ser sucedido por José Wellington Bezerra da Costa.

Fora algumas informações mais edificantes (como em toda biografia oficial), como a sua experiência de conversão, perseguições religiosas e o Batismo com o Espírito Santo, pouco se comenta sobre sua personalidade, ou sobre seu método de trabalho. Mas como todo grande líder e homem que foi, Cícero teve suas ambiguidades e decifrá-lo ainda é um desafio para os estudiosos das ADs.

Uma coisa é certa: Macalão passou à história oficial, e ao imaginário assembleiano como o líder doutrinador e de grande conservadorismo. Porém, ao longo da vida e ministério, Paulo Leivas foi flexibilizando. Como Cícero, Macalão foi contra institutos bíblicos, congressos de jovens e era famoso por sua "proverbial rigidez" na conduta moral dos membros do seu ministério. Contudo, com o tempo, se percebe certa abertura a muitas iniciativas antes condenadas por ele mesmo, ou por outros líderes assembleianos.

Cícero, ao contrário, não teve a mesma flexibilidade de Macalão. Até o fim de sua carreira, condenou todas as mudanças, que ao seu ver desvirtuavam a igreja. Enquanto a AD ministério de Madureira já fazia congressos de jovens, tinha instituto bíblicos e círculo de oração de senhoras, a AD no Belenzinho permanecia engessada. O engessamento do ministério e sua avançada idade, ao que tudo indica, precipitaram à uma sucessão que fugiu do seu controle.

Talvez o motivo dessa inflexibilidade, fosse uma fixação, um reconhecimento contínuo, alimentado por si mesmo e por outros admiradores seus ao longo da vida, de pertencer ao "troco principal", ou seja, de ser herdeiro legitimo dos ensinamentos dos míticos missionários suecos. Assim, sentindo-se como grande fiador da "doutrina", Cícero desprezava qualquer inovação aos métodos à ele confiados pelos pioneiros.

Ao ser entrevistado pelo Mensageiro da Paz (nº6 de 1974), por ocasião do 50 anos de seu ministério, o velho pioneiro expressou seu desejo de "...continuar como comecei, na doutrina que aprendi. Nos costumes dos primeiros missionários, daqueles homens de Deus", e termina a entrevista afirmando categoricamente que "nestas bases estou trabalhando e pretendo seguir até que Deus nos permita!". Anos depois, já aposentado, sentindo-se esquecido dos irmãos, em declaração à Folha de São Paulo (18 de janeiro de 1982), o velho pioneiro, além de reclamar das mudanças realizadas por seu sucessor, ainda mantém o discurso da legitimidade: "Foi triste constatar o fato, é triste sempre quando vemos irmãos nossos separando-se do tronco principal da Igreja. Eu, hoje, represento e faço parte do tronco principal".

Soma-se a isso ainda, a escrita empregada nas matérias do Mensageiro da Paz, (principalmente dos anos 60) onde a AD do Belenzinho sempre se declara e intitula a "pioneira" e "Igreja Mãe" em oposição a outros ministérios tidos como ilegítimos e espúrios. Há sempre um tom de guerra velada contra outros ministérios da AD implantados na Pauliceia.

Porém, temos algo de contraditório em sua biografia. Apesar de se declarar do "tronco" principal, pastor da "Igreja Mãe", e herdeiro legitimo dos primeiros missionários, pastor Cícero, juntamente com outros obreiros da região Norte/Nordeste, idealizou em Natal/RN a 1ª Convenção Geral a ser realizada na mesma cidade em setembro de 1930. E é notório, que além de ser seu primeiro presidente, ele e os demais pastores nativos, contestaram os missionários suecos, pois sentiam "necessidade de terem maior liberdade na condução dos trabalhos" e deles exigiram um novo rumo para as ADs no Brasil.


Fontes:

ARAÚJO, Isael de.
 Dicionário do Movimento Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2007.


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