O Lúdico na
Educação Infantil
Escrito por: Alex
Barbosa Sobreira de Miranda
Resumo: O lúdico na educação infantil tem sido um dos instrumentos que
fomentam um aprendizado de qualidade para a criança, a partir das técnicas que
promovem o desenvolvimento das habilidades fundamentais nesse processo. Nesse
sentido, esse trabalho tem a finalidade de compreender a inserção da criança e
das atividades lúdicas no contexto da educação infantil e os reflexos dessa
prática em seu desenvolvimento global. Para tanto, utilizou-se uma pesquisa de
natureza bibliográfica e elencou-se assuntos pertinentes para esse
entendimento. Desse modo, foi explanado sobre a história do brincar, o lúdico
na educação infantil e a importância do brincar. A partir dessas idéias houve
um entendimento de que as brincadeiras com objetivo pedagógico favorecem o
processo de ensino-aprendizagem e tornam o sujeito mais consciente de seu papel
na sociedade.
Palavras-Chave: lúdico,
educação infantil, ensino-aprendizagem.
Considerações Iniciais
O
lúdico na educação infantil tem sido uma das estratégias mais bem sucedidas no
que concerne à estimulação do desenvolvimento cognitivo e de aprendizagem de
uma criança. Essa atividade é significativa por que desenvolvem as capacidades
de atenção, memória, percepção, sensação e todos os aspectos básicos referentes
à aprendizagem.
A
escola e o educador atuam em parceria a fim de direcionar as atividades com o
intuito de desmontar a brincadeira de uma idéia livre e focar em um aspecto
pedagógico, de modo que estimulem a interação social entre as crianças e
desenvolva habilidades intelectivas que respaldem o seu percurso na escola.
Desenvolver
o lúdico no contexto escolar exige que o educador tenha uma fundamentação
teórica bem estruturada, manejo e atenção para entender a subjetividade de cada
criança, bem como entender que o repertório de atividades deve estar adequado
as situações.
É
interessante que o jogo lúdico seja planejado e sistematizado para mediar
avanços e promover condições para que a criança interaja e aprenda a brincar no
coletivo, desenvolvendo habilidades diversas.
Nesse
sentido, a psicologia pode contribuir nessa compreensão do desenvolvimento
global dessa criança e fornecer subsídios para a educação infantil no sentido
de aprimorar as técnicas de manejo.
A História do Brincar
De
acordo com Wajskop (2007), a brincadeira, desde a antiguidade, era utilizada
como um instrumento para o ensino, contudo, somente depois que se rompeu o
pensamento românico passou-se a valorizar a importância do brincar, pois antes,
a sociedade via a brincadeira como uma negação ao trabalho e como sinônimo de
irreverência e até desinteresse pelo que é sério. Mas mesmo com o passar do
tempo o termo brincar ainda não está tão definido, pois ele varia de acordo com
cada contexto, os termos brincar, jogar e atividade lúdica serão usados como
sinônimos.
A
brincadeira encontra-se presente em diferentes tempos e lugares. Desse modo,
cada brincadeira tem um significado no contexto histórico e social que a
criança vive. As brincadeiras experienciadas ao longo do tempo também estão
vivas na vida das crianças, porém, com diferentes formas de brincar. Nesse
sentido, elas são renovadas a partir do poder de recriação e imaginação de cada
um.
As
brincadeiras são universais, estão na história da humanidade ao longo dos
tempos, fazem parte da cultura de um país, de um povo. Achados arqueológicos do
século IV a.C., na Grécia, descobriram bonecos em túmulos de crianças. Há
referências a brincadeiras e jogos em obras tão diferentes como a Odisséia de
Ulisses e o quadro jogos infantis de Pieter Brughel, pintor do século XVI.
Nessa tela, de 1560, são apresentadas cerca de 84 brincadeiras que ainda hoje
estão presentes em diversas sociedades (SILVA, et
al 2009).
Nessa
perspectiva, o ato de brincar é parte integrante da vida do ser humano, e tem
sua história marcada desde a vida intra-uterina. O primeiro brinquedo da
criança é o cordão umbilical da mãe, onde, a partir da 17ª semana, através de
toques, apertos, puxões, o bebê começa a criar uma relação dessa ordem.
De
acordo com que Machado (2003) diz, a mãe também brinca com seu bebê mesmo antes
de ele nascer, pois fica imaginando como será ser mãe, e associa as lembranças
de quando brincava com sua boneca. Assim, quando o bebê nasce, já há uma
relação criada da mãe para com o bebê e do bebê para com a mãe, pois esse já
reconhece sua voz. No princípio, a relação acontece como se o bebê fosse o
brinquedo de sua mãe e ao interagir com ele diariamente, a criança vai
aprendendo a linguagem do brincar e se apropriando dela.
Bacelar
(2009), também, traz a ampliação da compreensão da ludicidade reconhecendo sua
validade como possibilidade de uma vivência mais plena em todos os âmbitos da convivência
humana, seja na família, no trabalho, nos círculos de amizade ou na escola. E
ressalta, em seus escritos, que a vivência lúdica como uma experiência plena
pode colocar o indivíduo em um estado de consciência ampliada e,
consequentemente, em contato com conteúdos inconscientes de experiências
passadas, restaurando-as e, em contato com o presente, anunciando
possibilidades para o futuro.
O Lúdico na Educação Infantil
Conforme
Kiskimoto (2000, p.32) “Para Piaget ao manifestar a conduta lúdica, a criança
demonstra o nível de seus estágios cognitivos e constrói conhecimentos”.
Inserir
brincadeiras, jogos, atividades interativas nos primeiros anos da educação
infantil é algo que tem favorecido o percurso da criança da escola. Através do
lúdico a criança começa a desenvolver sua capacidade de imaginação, abstração e
aplicar ações relacionadas ao mundo real e ao fantástico.
Para
VELASCO (1996), o brinquedo é capaz de estimular a criança a desenvolver muitas
habilidades na sua formação geral e isso ocorre espontaneamente, sem
compromisso e obrigatoriedade.
A
brincadeira faz parte da infância de toda criança e quando usada de modo
adequado na Educação Infantil produz significado pedagógico, estimula o
conhecimento, a aprendizagem e o desenvolvimento. É no brincar que as crianças
podem utilizar a imaginação e vivenciar situações de formas diversas.
Segundo
REDIN (2000), o lúdico é a mediação universal para o desenvolvimento e a
construção de todas as habilidades humanas. De todos os elementos do brincar,
este é o mais importante: o que a criança faz e com quem determina a
importância ou não do brincar.
A
brincadeira vai desde a prática livre, espontânea, até como uma atividade
dirigida, com normas e regras estabelecidas que têm objetivo de chegar a uma
finalidade. Os jogos podem desenvolver a capacidade de raciocínio lógico, bem
como o desenvolvimento físico, motor, social e cognitivo.
A Importância do Brincar
Existem
diversas razões para brincar, desde o prazer que o lúdico propicia até mesmo a
importância para o desenvolvimento cognitivo, motor, afetivo e social da
criança. É sabido que é na brincadeira que a criança expressa suas vontades e
desejos.
Na
educação infantil esse movimento estimula a capacidade de criação, abstração,
fantasia, cognição, bem como os aspectos emocionais e sociais na criança.
Segundo Carneiro e Dodge (2007, pág. 59), “... o movimento é, sobretudo para
criança pequena, uma forma de expressão e mostra a relação existente entre
ação, pensamento e linguagem”. A criança consegue lidar com situações novas e
inesperadas, e age de maneira independente, e consegue enxergar e entender o
mundo fora do seu cotidiano.
Segundo Carneiro e Dodge (2007, p.91):
Segundo Carneiro e Dodge (2007, p.91):
Para
que a prática da brincadeira se torne uma realidade na escola, é preciso mudar
a visão dos estabelecimentos a respeito dessa ação e a maneira como entendem o
currículo. Isso demanda uma transformação que necessita de um corpo docente
capacitado e adequadamente instruído para refletir e alterar suas práticas.
Envolve, para tanto, uma mudança de postura e disposição para muito trabalho.
É
importante criar uma parceria entre escola, família e criança a fim de
explicitar os benefícios do ato de brincar na educação infantil, visto que além
de deixar as crianças mais alegres, possibilita o desenvolvimento de
habilidades físicas, motoras, cognitivas, etc. Ocorre que quando as crianças
têm essa estimulação na escola e no contexto familiar, os benefícios têm um
valor muito maior.
Para
um melhor entendimento, Carneiro e Dodge (2007, p.201), que afirmam que:
Ao
estimular as crianças durante a brincadeira, os pais tornam-se mediadores do
processo de construção do conhecimento, fazendo com que elas passem de um
estágio de desenvolvimento para outro. Também, ao brincar com os pais, as
crianças podem se beneficiar de uma sensação de maior segurança e liberdade
para exploração, além de se sentirem mais próximas e mais bem compreendidas, o
que pode contribuir para o melhor desenvolvimento de sua auto-estima e
independência.
Considerações Finais
Acredita-se
que esse trabalho servirá como embasamento para mostrar a importância do lúdico
na educação infantil, bem como na construção do processo de imaginação,
criatividade, desenvolvimento motor, interação social e no aprendizado de
regras. Desse modo, entende-se que a vivência lúdica no contexto escolar abre
caminhos para a integração de vários aspectos do ser humano, bem como na esfera
emocional, corporal, cognitiva, espiritual, e possibilita cada sujeito
participativo (aluno e professor) a se perceber enquanto um ser único e
relacionar-se melhor consigo mesmo e com o mundo, o que implica um enfrentamento
mais autêntico frente ás suas dificuldades. Assim, é fundamental que a família,
a escola e a criança forme um tripé que sustente essa etapa essencial na vida
da criança.
Sobre o Autor: Alex Barbosa Sobreira
de Miranda - Departamento de Psicologia. Faculdade de Ciências Médicas.
Universidade Estadual do Piauí (UESPI). Teresina, PI, Brasil, email Fonte: http://artigos.psicologado.com/atuacao/psicologia-escolar/o-ludico-na-educacao-infantil#ixzz2Wgd0eH7K
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